No dia em que o parlamento debate um projeto de resolução do PCP que recomenda o aumento do salário mínimo para os 910 euros em janeiro - atingindo os mil euros durante 2024 -, o partido organizou várias iniciativas de contacto com a população em todo o país, sob o lema “Basta de conversa, mais salários e pensões”.
Em declarações aos jornalistas, junto à estação de metro do Campo Grande, Lisboa, o secretário-geral do PCP considerou que o aumento do salário mínimo para os 820 euros proposto pelo Governo é “profundamente insuficiente” e “não corresponde às realidades, nem às condições com que o povo se confronta hoje”.
“Basta apenas ter em conta este dado concreto que ainda ontem [quinta-feira] foi conhecido: o preço da alimentação em Portugal, em setembro do ano passado e deste ano, aumentou quase 7%”, disse, considerando que esse número mostra a insuficiência da proposta do executivo.
Questionado se o PCP votaria contra o aumento para os 820 euros, Paulo Raimundo disse que o seu partido nunca votaria contra o que seja um “ganho para os trabalhadores”, mas reforçou que a proposta do Governo não responde às necessidades.
“Quem trabalha, quem põe o país e a economia a funcionar, quem produz a riqueza, merece, e é justo que tenha, aumentos de salários significativos. E, para além dessa questão, é preciso fazer face à situação que vivemos hoje”, sublinhou.
O secretário-geral do PCP defendeu assim que os 910 euros permitiriam criar “condições para as pessoas viverem com um mínimo de dignidade”, e reiterou que o partido defende também um aumento de, pelo menos, 15% para todos os salários, com um mínimo de 150 euros, tal como propõe a CGTP.
Afirmando que o PCP está “muito determinado” nesta matéria, Paulo Raimundo questionou como é que PS, PSD, Chega e IL se irão posicionar no projeto de resolução comunista que vai hoje a debate, considerando que, se o chumbarem, “cai a máscara para todos”.
“A partir do momento em que chumbam a nossa proposta, de forma indireta apoiam a proposta que o Governo está a apresentar”, disse.
Questionado se considera que o PS está disposto a aumentar o salário mínimo para os 910 euros, Paulo Raimundo respondeu que os números e sinais do Orçamento “não vão nesse sentido”, optando antes por “apertar mais o cinto às populações”.
“É uma opção errada, porque nós tivemos a apresentação do Orçamento do Estado, que teve a parte anunciada, e a parte que não foi anunciada é aquela mais significativa, porque fica claro os milhões e milhões em benefícios e privilégios fiscais para as grandes empresas”, disse.
Segundo Paulo Raimundo, “não se pode anunciar um esforço muito grande para aumentar rendimentos” e, simultaneamente, “por baixo do tapete entregar mais privilégios”.
“O aumento dos salários hoje é uma grande emergência nacional. É essa medida que pode contribuir para fazer face a todas as outras pressões que enfrentamos”, insistiu.
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