"Na sexta-feira passada, o Governo PS em vez de avançar, como é preciso, juntou-se com o PSD e CDS para votar contra a proposta do PCP que eliminava as normas gravosas da legislação laboral e teima em manter a sua iniciativa em discussão na Assembleia da República, que visa manter e, mesmo, piorar a legislação laboral", disse Jerónimo de Sousa num comício no Feijó, em Almada, no distrito de Setúbal.
Para o líder comunista, a legislação laboral é "uma questão central" que separa a esquerda e a direita e que está a revelar as opções do PS, que beneficiam os mais poderosos em detrimento dos trabalhadores.
"Quando se propõe a caducidade da contratação coletiva, se elimina o tratamento mais favorável ao trabalhador, se permite a continuidade da desregulamentação dos horários, quando se aponta para um período experimental inaceitável, quando nós vemos a questão da precariedade ser tratada como mera estatística, então vamos dizer que esta zona de fronteira entre a esquerda e direita também delimita e marca aquilo que o Partido Socialista faz em matéria de direito do trabalho e direito dos trabalhadores", afirmou.
"E esta é uma questão de fundo que se coloca: como é que se pode dizer que se está do lado dos trabalhadores, ter na mão os mecanismos políticos e o poder de decisão e se faça a opção de estar do lado dos mais poderosos, do grande capital, dos detentores das grandes fortunas?", perguntou.
Jerónimo de Sousa considera que "está na hora de o Governo assumir outra postura", mas não se mostra muito surpreendido com algumas posições que têm sido assumidas pelo executivo, liderado pelo socialista António Costa, que diz estar comprometido com "eixos estruturantes da política de direita" e submetido aos "interesses do grande capital e da União Europeia".
Já a pensar nas eleições de 2019, Jerónimo de Sousa apelou ao reforço da votação no PCP, deixando claro que a reposição de direitos, o aumento das pensões e outras medidas que beneficiaram os trabalhadores nos últimos três anos só foram possíveis com a intervenção do partido e pelo facto de o PS não ter os votos necessários para impor outras políticas.
"O que se avançou - é bom que os trabalhadores e o povo tenham disso consciência - foi porque o PS não tinha os votos para, sozinho, impor a política que sempre, ao longo de quatro décadas, fez sozinho ou com o PSD e o CDS", concluiu Jerónimo de Sousa.
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