Esse foi um dos temas que o eurodeputado abordou num encontro com militantes do distrito de Aveiro, que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira, cuja plateia se revelou insuficiente para os cerca de 250 participantes social-democratas.
Dizendo-se insatisfeito com as taxas de crescimento de 0,5% a 1,25% obtidas com a estratégia de “mera sobrevivência e modo de gestão” do governo socialista, o opositor de Rui Rio à liderança nacional do PSD afirmou: “Não podemos conseguir melhores salários e descongelar carreiras — fazer verdadeiramente o tal elevador social — se não criarmos riqueza. Temos que ir para a casa dos 3% e dos 3,5%”.
Rangel realçou ainda que, quando António Costa chegou ao poder, o estado em que encontrou a nação lhe permitia ter feito mais.
“Em 2015, deixámos o país arrumado. [Desde então] Podíamos ter crescido a um ritmo forte. Tínhamos condições financeiras internacionais — pelo menos até 2020 — que não existiam antes, com taxas de muro negativas e tudo a favor de um crescimento grande”, declarou.
O candidato lamenta, por isso, que, seis anos depois, perante “a degradação dos serviços públicos” em geral e face a situações como “o colapso das urgências hospitalares” e “a falta de professores” em particular, o país esteja agora “estagnado, inerte, sem reação, acabrunhado até e, às vezes, indiferente”, motivando pessoas “céticas e tristes, que não veem nenhuma saída no horizonte”.
“Continuamos a pagar impostos altíssimos e o que recebemos em troca são serviços em colapso, que já não cumprem os mínimos. Estamos a penalizar o esforço dos empresários, que são quem cria emprego e quem acaba por, verdadeiramente, criar riqueza, gerando receita e alimentando o investimento público”, sublinhou.
Numa perspetiva internacional, o eurodeputado acrescentou ainda que, em seis anos de governo socialista, Portugal foi ultrapassado “por cinco países da União Europeia” e, se o “declínio continuar, vai chegar a 2025 como o cabo de vassoura da Europa”.
Mas, para Rangel, exemplo “máximo” entre os falhanços dos últimos anos foi o abandono dos debates quinzenais no parlamento: ”Como é possível ser o PSD a propor isto e a alinhar com o PS? O escrutínio do Governo é um dever da oposição. Nós descemos no ranking [internacional] da democracia e a razão principal foi o fim dos debates quinzenais”.
É por essas e outras críticas que Rangel, por um lado, classifica o governo do PS como sujeito à “lógica do marasmo e da anestesia” e, por outro, culpa Rui Rio pela ausência de uma oposição “forte, firme, visível e audível”.
“Se eu for eleito presidente do PSD, aquilo com que podem contar é um projeto, uma visão, um rumo para Portugal nos próximos quatro anos. Não me resigno nem me conformo com a ideia de que não podemos crescer”, declarou.
Quanto às declarações de Rio alegando que Rangel não está preparado para ser primeiro-ministro, o eurodeputado e candidato a novo líder dos sociais-democratas garante: “Ao contrário de outros, eu não estou é preparado para ser vice-primeiro-ministro”.
Paulo Rangel disputa em 27 de novembro a liderança do PSD com Rui Rio.
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