Nas notas biográficas divulgadas pelo PCP, destaca-se que o dirigente comunista "começou como carpinteiro, foi padeiro e animador cultural na Associação Cristã da Mocidade na Bela Vista", realidades que "lhe permitiram medir o pulso às “contradições do dia-a-dia”, como os baixos salários, a exploração e a precariedade, mas também a "camaradagem e solidariedade" entre os trabalhadores.
A divulgação do nome proposto para secretário-geral, depois de uma "auscultação" às estruturas comunistas, foi feita pelo gabinete de imprensa do PCP em comunicado ao início da noite de sábado e causou alguma surpresa já que Paulo Raimundo é conhecido nas bases do partido mas relativamente desconhecido na esfera mediática.
Num comício comemorativo dos 101 anos do PCP, no início do ano, fez uma intervenção com o título "a força organizada dos trabalhadores é capaz de tudo" e pronunciou-se contra o aumento do custo de vida, da alimentação à energia, que atribuiu a uma "autêntica pilhagem liberal que há muito está em curso".
O dirigente aderiu à JCP em 1991, e ao PCP em 1994, passando a funcionário dez anos depois. Apenas dois anos depois de se filiar, é eleito membro do Comité Central e e 2016 sobe ao Secretariado. Em 2000, no XVI Congresso, em 2020, é eleito para a Comissão Política do Comité Central comunista, acumulando a presença nos dois órgãos mais restritos da direção, ao lado de nomes como Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e José Capucho.
Raimundo nasceu em Cascais, no distrito de Lisboa. Os pais, naturais de Beja, trabalhavam como funcionários do Estoril Futebol Clube quando nasceu e viviam nas instalações do clube, de acordo com os dados disponibilizados pelo partido.
Com três anos, foi viver com os pais para Setúbal, onde frequentou a Escola Primária do Faralhão, na freguesia do Sado, uma escola construída em pleno período revolucionário. A infância foi passada entre a vivência “de rua” e a acompanhar a mãe nos trabalhos na agricultura, nas limpezas e nas obras. Houve momentos em que chegou a trabalhar com a mãe na apanha do marisco, relata o PCP.
O 5.º e 6.º anos foram concluídos graças à telescola, mas foi na Escola Secundária da Bela Vista, por altura do seu 10.º ano, que contactou com a política como integrante das listas para associação de estudantes. Acabou o 12.º ano à noite já como trabalhador-estudante.
Já com o serviço militar obrigatório concluído, em Vila Nova de Gaia e no Porto, em 1991 Paulo Raimundo "desperta para a política partidária e junta-se à JCP". Quatro anos depois já figura no quadro de funcionários da juventude comunista, onde também progrediu até à direção nacional, comissão política e secretariado.
No último congresso, em novembro de 2020, foi reeleito para os três principais órgãos da direção do PCP.
Juntamente com Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e José Capucho, Paulo Raimundo era um dos poucos militantes a acumular funções nos órgãos mais restritos da direção comunista – Comissão Política e Secretariado.
Paulo Raimundo, casado e pai de três filhos, foi também eleito na Assembleia Municipal de Setúbal, cidade onde cresceu.
O futuro secretário-geral do PCP é apresentado pelo partido como um dirigente que “associa qualidade humanas próprias a uma experiência densa e diversificada”, um trabalho político de proximidade com todas as estruturas do partido, desde a juventude comunista aos órgãos mais circunscritos da direção.
O PCP descreve o militante de há quase três décadas como um homem com “um percurso de vida dedicado à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português, por um Portugal com futuro, pelo ideal e projeto comunistas”.
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