“Não é coincidência. Todos os dias, cada um de nós, estamos a ser apertados nos seus setores, nas suas profissões, nos salários e nas pensões. Está tudo a apertar e as pessoas têm de reagir. As pessoas não são respeitadas, ganham mal e não conseguem viver com condições de dignidade e têm de reagir, não há alternativa”, respondeu aos jornalistas Paulo Raimundo, quando questionado sobre as greves nos vários setores.

O secretário-geral comunista esteve esta manhã em contacto com a população no mercado mensal de Azeitão, distrito de Setúbal, tendo sido questionado pelos jornalistas sobre o anúncio feito na véspera de que o PCP vai avançar com um projeto de lei para alterar o estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sendo os objetivos “travar a possibilidade de abrir ainda mais portas ao setor privado na saúde” e valorizar e respeitar os profissionais do SNS.

“Estamos numa situação em que achamos que os profissionais de saúde, os utentes, os sindicatos e todos o que defendem o SNS precisam de reagir para que não acordemos um dia sem esta conquista extraordinária do 25 de abril”, apelou.

Esta reação, segundo Paulo Raimundo, é já visível “em frente dos centros de saúde a defendê-los, nas ações de luta pelo aumento dos salários”.

“É assim que tem de ser, não há alternativa. É preciso que estas movimentações forcem o Governo a ceder de forma a dar resposta aos problemas das pessoas. Não nos entretemos com se há ou não eleições. Queremos é que o Governo dê resposta aos problemas das pessoas”, afirmou.

Referindo que “parece que a inflação vai baixando”, o líder do PCP ressalvou que, no momento dos portugueses irem às compras, “verifica-se que não há nenhuma relação disso com os preços”.

“Aliás, os alimentos e a energia são os principais responsáveis pela inflação e pelo aumento da especulação, que é um problema que urge combater. Por essa razão insistimos tanto na fixação e controlo dos preços. Sem isso não é possível travar o aumento dos preços, que, conjugado com a contenção dos salários, temos uma situação explosiva que as pessoas não aguentam”, avisou.

No dia em que passam três meses desde que foi anunciado que iria suceder a Jerónimo de Sousa como secretário-geral do PCP – uma data que assumiu não ter presente -, Paulo Raimundo faz “um balanço positivo” deste período

“Tem havido muita iniciativa e ação. O que decidimos na conferência nacional está em andamento. Além disso, o contacto com as pessoas é uma coisa muito interessante e natural. Estamos cá para trabalhar”, disse, explicando que a ação desta manhã no mercado de Azeitão é uma “linha de trabalho” que o partido está desenvolver, ou seja, um “contacto mais direto com as pessoas”.