Ao fim da manhã, o presidente da Autoridade Nacional Independente das Eleições (ANIE), Mohamed Charif, informou que a taxa de participação no escrutínio presidencial, que tem sido fortemente contestado pela oposição argelina e nas ruas daquele país, situava-se nos 7,92% às 11:00 locais (10:00 em Lisboa).
Charif precisou também que 90% das cerca de 61 mil assembleias de voto distribuídas pelo país tinham aberto às 08:00 locais (09:00 hora de Lisboa) e que cerca de 6% tinham registado perturbações.
Nas eleições presidenciais de 2014, a taxa de participação registada à mesma hora era ligeiramente superior, 9,15%. Nesse ano, a taxa de abstenção rondou os 50%.
A maioria dos observadores do ato eleitoral espera hoje uma forte abstenção por parte dos eleitores argelinos, devido à contestação liderada pelo movimento popular “Hirak”, que se opõe à realização das presidenciais, convocadas pelo poder interino, e que apelou ao boicote do escrutínio.
O movimento, que saiu pela primeira vez para as ruas argelinas em fevereiro, considera que a votação de hoje visa garantir a sobrevivência do “sistema” que vigora no país há quase seis décadas.
Os cinco candidatos que se apresentam às presidenciais argelinas apoiaram o percurso político ou participaram em governos do Presidente Abdelaziz Bouteflika, obrigado a demitir-se em abril na sequência da contestação popular e após 20 anos no poder.
O facto de a votação estar a decorrer em todo o país não está a impedir que a contestação prossiga nas ruas argelinas.
As agências internacionais estão a relatar a realização na capital argelina, Argel, de uma manifestação contra as presidenciais, apesar da polícia ter tentado travar, com recurso ao uso da força, a concentração.
Segundo a agência noticiosa France Presse (AFP), a polícia, presente em Argel com um forte dispositivo, interveio de forma rápida e robusta durante toda a manhã para tentar impedir a manifestação.
No entanto, os manifestantes, cerca de uma dezena de milhares de pessoas, conseguiram juntar-se e furar o cordão policial que impedia o acesso à zona prevista para a ação de protesto.
Ao longo da manhã, a AFP relatou que duas assembleias de voto no norte da Argélia tinham sido vandalizadas por grupos que se opõem à realização das eleições presidências.
“As urnas de voto e os boletins foram destruídos”, disseram testemunhas locais, que não identificaram os atacantes.
Segundo a ANIE, as listas eleitorais argelinas integram 24.474.161 eleitores, incluindo 914.308 inscritos no estrangeiro.
Durante a campanha, não foi disponibilizada qualquer sondagem para avaliar a possível participação no escrutínio.
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