Esta estimativa pode duplicar o número de pessoas com necessidade profunda de assistência alimentar, que atualmente já afeta 135 milhões de pessoas por viverem em países conflitos ou instabilidade económica e política, às quais se juntam cerca de 821 milhões de pessoas em situação de fome crónica, completando um cenário de grande insegurança alimentar no continente.
“Se juntarmos estes 130 milhões aos 135 milhões existentes soma 265 milhões com fome aguda em 2020, o que é um número muito grande para tratar”, vincou Arif Husain,, durante um seminário por videoconferência promovido pelo Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, estabelecido em Londres.
Parte deste grupo de maior risco vive em zonas de guerra, como o Nordeste da Nigéria, Burkina Faso ou Sudão do Sul, e já depende de agências humanitárias para sobreviver, e outra parte são outros trabalhadores do setor informal da economia, como serviços ou turismo, que são pagos em dinheiro e que deixam de poder comprar comida por falta de rendimento devido à crise económica.
“O Programa Alimentar Mundial já ajuda 120 milhões [de pessoas], mas vamos precisar de mais financiamento por causa da [pandemia] de covid-19, uns 10-12 mil milhões de dólares [9-11 mil milhões de euros]”, adiantou.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou perto de 184 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.242 nas últimas horas, com quase 26 mil casos registados da doença em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções (83 casos e uma morte), seguida de Cabo Verde (73 casos e uma morte), Guiné-Bissau (52) Moçambique (41), Angola (25 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe tem três casos confirmados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Várias instituições internacionais financeiras como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial têm defendido um alívio da dívida para os países africanos mais vulneráveis, que são incapazes de servir a dívida e ao mesmo tempo investir nos sistemas de saúde de forma a conter a propagação da covid-19.
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