“Reina a mentira e o desejo de sobrevivência no âmbito do Governo”, disse aos jornalistas André Ventura depois de terem sido conhecidas as respostas do primeiro-ministro, António Costa, a que a agência Lusa teve acesso, às perguntas do PSD sobre a atuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) para a recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, na noite de 26 de abril.
Segundo o líder do Chega, “quando o senhor primeiro-ministro diz que não houve nenhuma orientação ou decisão por parte do seu gabinete ou dele próprio, isto inclui o secretário de Estado António Mendonça Mendes”.
“Ou o primeiro-ministro está a mentir ou João Galamba mentiu na comissão parlamentar de inquérito”, sintetizou, referindo que, “quando questionado, o ministro João Galamba disse que tinha sido articulado com Mendonça Mendes a chamada do SIS”.
De acordo com Ventura, ”houve uma articulação” e “agora o senhor primeiro-ministro vem dizer que não houve autorização”.
“A palavra é outra, mas dizendo que não houve nenhuma intervenção. Não há aqui duas verdades possíveis. Ou o gabinete do primeiro-ministro deu indicações à chefe de gabinete de João Galamba ou ao próprio para recorrer ao SIS, ou não deu”, defendeu.
É por isso que o líder do Chega, “dadas as novas incongruências que hoje ficaram claras pela resposta” de António Costa, o partido “vai insistir novamente junto do presidente da comissão de inquérito para, atendendo a estas incongruências, das duas, uma: ou chame de novo Galamba ou chame o primeiro-ministro a depor, seja em que forma for”.
“Vamos insistir que João Galamba volte a ser ouvido na comissão de inquérito, especificamente sobre estes pontos, pode ser uma grelha mais reduzida, e vamos insistir com o primeiro-ministro para que responda por escrito à questão”, disse.
Voltando às respostas de António Costa, Ventura refere que o líder do executivo “diz que não considera normal a prática de ter documentos classificados ao acesso fácil e à sua presença em computadores não credenciados”.
“Não percebo como é que o senhor primeiro-ministro pode não retirar consequências políticas disso. Não se compreende de maneira nenhuma como é que João Galamba está em funções”, criticou.
Na opinião do deputado, “se houver uma comissão de inquérito” à atuação do SIS “será de total responsabilidade do senhor primeiro-ministro e do Governo que insiste em não dizer a verdade”.
Entre as respostas às 15 perguntas do PSD, o primeiro-ministro afirma que teve conhecimento de que o SIS se articulou com a PJ para preservar a integridade de documentos classificados contidos no computador levado por Frederico Pinheiro do Ministério das infraestruturas.
António Costa afirma ainda que a ação do SIS na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas não envolveu qualquer autorização sua nem resultou de sugestão do seu secretário de Estado Adjunto, Mendonça Mendes.
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