Numa nova grande manifestação convocada pelo Partido Popular (PP) contra a amnistia, os manifestantes encheram as ruas desde a Puerta de Alcalá até à Gran Vía, passando pela praça de Cibeles.
Segundo a autarquia madrilena, 20 mil pessoas participaram, mas segundo os organizadores, eram quatro vezes mais.
"Peço que retire esta amnistia!", disse o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, dirigindo-se a Sánchez, enquanto os manifestantes gritavam "Pedro, demissão!".
"Espanha não se vende, Espanha não se reparte, Espanha é um Estado de direito no qual todos os cidadãos somos iguais perante a lei, perante a justiça", acrescentou, na presença de dois antigos chefes de governo conservadores, José María Aznar e Mariano Rajoy.
"Os espanhóis devem ter a garantia de que a lei tem consequências, a garantia de que os delitos têm consequências jurídicas, e que o governo não pode interrompê-las", acrescentou Feijóo, que pediu a Sánchez que "convoque eleições".
O Executivo de Sánchez não conseguiu aprovar na semana passada duas leis no Congresso dos Deputados, a Câmara Baixa do Parlamento, por não contar com o apoio dos aliados que lhe permitem governar, entre os quais estão a extrema esquerda, os nacionalistas e independentistas catalães e bascos, e um partido regionalista das Ilhas Canárias.
As relações entre o governo e a oposição conservadora e de extrema direita estavam muito deterioradas pela aministia e ficaram mais tensas com a investigação judicial à mulher de Sánchez, Begoña Gómez, por corrupção e tráfico de influências.
Face ao que considerava um tratamento injusto e agressivo, Sánchez tomou, no final de abril, a decisão inédita de se retirar por cinco dias da vida pública para considerar uma renúncia, período findo o qual concluiu que permaneceria no cargo.
Quanto à aministia, foi uma exigência dos partidos independentistas catalães para dar o apoio dos seus catorze deputados à investidura de Sánchez, o que lhe permitiu governar novamente apesar de ter ficado em segundo lugar atrás do PP nas eleições de julho de 2023.
Ángel Santana, um basco que veio à capital para se juntar ao protesto, expressou o seu temor de que a aministia acabe se estendendo aos presos da organização armada basca ETA, que matou mais de 850 pessoas durante mais de quatro décadas até abandonar a luta armada em 2011.
O Congresso dos Deputados aprovará definitivamente na quinta-feira a lei que beneficiará cerca de 400 independentistas relacionados à tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
A "Proposição de Lei Orgânica de Aministia para a Normalização Institucional, Política e Social na Catalunha" poderá beneficiar, em primeiro lugar, Carles Puigdemont, o ex-presidente regional catalão que se refugiou na Bélgica em 2017, fugindo da justiça espanhola e que agora poderá retornar à Espanha.
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