Em declarações aos jornalistas em Barcelos, distrito de Braga, à margem de um encontro com autarcas, Montenegro classificou ainda de “inexplicável” a “hesitação” de Rui Rio sobre o voto do partido no Orçamento.
“Eu sou daqueles que não precisava de ver o documento e hoje acho que toda a gente reconhece que eu tinha razão. Não é uma questão de desrespeitar, não é uma questão de radicalismo, não é uma questão de irresponsabilidade. Isso é tudo uma conversa fiada, isso é tudo conversa de politiquês”, afirmou.
Para Luís Montenegro, os social-democratas têm de ser “claros, sérios e objetivos”.
“Não é proclamarmos, é sermos. O PSD não concorda com este Governo, o PSD não concorda com estas políticas, o PSD não concorda com um país que tem Estado a mais e sociedade a menos”, vincou.
Por isso, defendeu que o PSD “não pode ter contemplações” e deve assumir claramente o voto contra o Orçamento.
“É inexplicável esta hesitação do PSD”, afirmou, sublinhando que o maior partido da oposição “não pode ter hesitações, não pode confundir as pessoas, não pode criar perceções erradas”.
Para Luís Montenegro, aquela hesitação “dá a entender que o PSD ainda admite viabilizar o Orçamento, que porventura ainda admitirá negociá-lo com o PS, quando todos os dirigentes do PS dizem que estão a negociá-lo à esquerda, com o PC [Partido Comunista] e o Bloco”.
Segundo Luís Montenegro, o Orçamento para 2020 contempla “a maior carga fiscal de sempre e onera as pessoas”, dando apenas “um pequenino rebuçado” em sede de IRS, “que é um terço daquilo que é a taxa de inflação prevista para o próximo ano”.
O candidato à liderança do PSD disse ainda que o Orçamento tem como previsão um crescimento económico “que é um dos piores da Europa, que vai continuar a colocar Portugal na cauda da Europa”.
“Qual é a dúvida do PSD? Não há dúvidas nenhumas”, vincou, considerando que Rui Rio “vai assumir, mais dia, menos dia, aquilo que é uma evidência”.
Sobre o encontro de hoje com autarcas, Montenegro enfatizou a sua aposta nas autárquicas de 2021, garantindo que, se ganhar a liderança do PSD, será ele mesmo a coordenar esse processo eleitoral.
O candidato social-democrata disse que Lisboa é uma das câmaras que quer conquistar para o PSD, a par de outras que são “igualmente muito relevantes”, entre as quais a de Barcelos.
Montenegro sublinhou ainda que vai tentar atrair para as listas do PSD militantes do partido e gente de fora.
As eleições diretas do PSD realizam-se em 11 de janeiro.
São candidatos à liderança o atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro e o atual vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.
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