Foi ao líder da bancada parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, que coube a responsabilidade de fazer, em nome dos bloquistas, o encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), cuja abstenção do partido foi quinta-feira anunciada depois do acordo com o Governo para um conjunto de medidas.
"Valorizamos o resultado da negociação, mas sabemos que há ainda tanto por fazer para superar as insuficiências desta proposta de Orçamento do Estado", afirmou.
Redução do IVA da energia, trabalhadores por turnos, cuidadores informais, respostas à crise da habitação, defesa do investimento público e dos transportes e combate à corrupção foram as áreas elencadas pelo líder parlamentar bloquista como o foco do BE para a fase da especialidade.
"Agora começa o debate de especialidade, agora são as deputadas e os deputados quem fará as escolhas determinantes. Da parte do Bloco de Esquerda, sabemos qual o nosso mandato e não falharemos às pessoas do nosso país", garantiu.
Criticando que a proposta de lei que o Governo apresentou se resuma à palavra "superávite", Pedro Filipe Soares apontou que este "orçamento não é de continuidade porque falha em perceber o contexto do país e do mundo".
"Ortega Y Gasset escreveu que ‘eu sou eu e a minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo eu'. Esse é o problema da proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo: desconsidera a circunstância em que ele é apresentado", criticou.
Pedro Filipe Soares começou a sua intervenção com uma dúvida, em jeito de pergunta, que o assolou na fase final do debate do OE2020: "Será que os partidos de direita desistiram mesmo deste debate?".
"Parece que a direita não é oposição ao Governo, é oposição ao país, oposição à criação de emprego, oposição à melhoria da vida das pessoas. Passam os anos, passam as eleições e continuam chateados. Por isso começam derrotados todos os debates e nada acrescentam nada à vida das pessoas", atirou.
Aconselhando a direita a "mudar de vida" e a libertar-se dos fantasmas, Pedro Filipe Soares ironizou ao dizer que sabe "a vida não vai de feição" para esses partidos.
"Não há estabilidade interna no PSD, há um debate vazio no CDS e até o Chega vive uma fase má. O senhor deputado André Ventura não conseguiu convencer Sousa Lara, o porta-voz por si escolhido, a abdicar da subvenção vitalícia. Vergonha, senhor deputado, Ainda agora o mandato começou e os esqueletos do Chega já começaram a sair do armário", atirou.
O líder parlamentar do BE quis ainda saber quando é que o Chega e a Iniciativa Liberal "dão entrada com os projetos para acabar com o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, Segurança Social ou liberalizar os despedimentos".
"Quando é que mostram ao país o que se verdadeiramente se esconde atrás dos vossos ‘slogans’?", perguntou.
(Notícia atualizada às 17:51)
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