Num discurso em Taipé que assinalou sete anos de mandato, Tsai assegurou que Taiwan não adotará atitudes de provocação ou de agressividade em relação à China, mas também não cederá a pressões.
“A guerra não é uma opção e nenhuma das partes pode alterar unilateralmente o ‘status quo’ de forma não pacífica”, disse Tsai, citada pela agência de notícias francesa AFP.
A China e Taiwan vivem autonomamente desde 1949, quando o governo nacionalista da então República da China se refugiou na ilha no rescaldo da vitória do Partido Comunista Chinês na guerra civil.
Em 01 de outubro de 1949, o líder comunista Mao Zedong (ou Mao Tse-tung) proclamou a República Popular da China, cujo governo foi reconhecido pela ONU, em 1971, como o único representante legítimo da China.
O regime de Pequim considera Taiwan uma província rebelde e ameaça tomá-la pela força se a ilha, com cerca de 24 milhões de habitantes, declarar formalmente a independência.
Pertencente ao Partido Democrático Progressista (PDP, no poder), que tradicionalmente defende a independência, Tsai afirmou que, desde que assumiu funções, Taiwan tem mostrado ao mundo determinação, mas sem ceder a provocações.
“Perante os ataques civis e as ameaças militares da China, o povo de Taiwan é calmo e não agressivo, racional e não provocador”, afirmou.
Taiwan está a preparar-se para as próximas eleições presidenciais em janeiro de 2024.
Tsai, 66 anos, não pode candidatar-se por ter cumprido dois mandatos consecutivos e o vice-presidente, William Lai, será o candidato do PDP.
Lai, 63 anos, tem sido mais franco do que Tsai sobre as aspirações independentistas e afirmou, em janeiro, que considera Taiwan “um país soberano”.
Terá como adversário o presidente do município de Nova Taipé, Hou Yu-ih, do partido da oposição Kuomintang, que favorece a aproximação a Pequim.
Lai afirmou que as próximas eleições marcarão uma escolha “entre democracia e autoritarismo”, algo que Hou rejeitou hoje.
“A liberdade e a democracia já fazem parte do nosso ADN”, disse Hou, durante um comício do Kuomintang.
“Mais do que nunca, devemos, através do diálogo e da interação, encontrar formas de reduzir o risco de conflito e manter a estabilidade na região”, acrescentou.
Hou disse recentemente que se opõe à independência de Taiwan, mas também ao modelo “um país, dois sistemas” utilizado pela China para recuperar Hong Kong e Macau.
Pequim propôs o mesmo modelo para Taiwan, mas a maioria dos taiwaneses rejeitou-o, especialmente depois da repressão chinesa das liberdades políticas em Hong Kong.
As relações entre Pequim e Taipé atingiram o ponto mais baixo desde que Xi Jinping chegou ao poder na China há mais de 10 anos.
Taiwan tem estado no centro das divergências entre a China e os Estados Unidos, o principal aliado e fornecedor de armamento de Taipé apesar de manter relações diplomáticas com Pequim.
A ilha está separada do continente chinês pelo Estreito de Taiwan, com 130 quilómetros de distância no ponto mais próximo, uma das principais rotas das mercadorias da região para os mercados mundiais.
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