A votação é crucial para a manutenção da política de abertura do presidente moderado Hassan Rohani, que espera reforçar o seu poder perante os conservadores. As seções de votação fecharam mais tarde do que o previsto, devido ao grande fluxo de eleitores. Há quatro anos, a taxa de participação foi de 64,2% em todo o país, e de 48%, na capital, Teerão. Ao votar no Ministério do Interior, o presidente Hassan Rohani declarou que o seu governo via nas eleições "um imenso sinal de confiança" e que o conjunto das instituições garantiria que fossem "legítimas e saudáveis".
Estas eleições são as primeiras desde o histórico acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado em julho passado pelas grandes potências e por Teerão. O acordo deve permitir que o país abandone o seu isolamento e reactive uma economia debilitada por quase dez anos de sanções internacionais. Algumas dessas sanções foram suspensas em meados de janeiro com a entrada em vigor do acordo nuclear.
Eleito em 2013, o presidente Rohani acredita que este avanço irá favorecer os reformistas e moderados, principalmente no Parlamento. Essa mudança e os investimentos estrangeiros decorrentes podem ajudá-lo a aplicar uma política de reformas económicas e sociais antes do fim do seu primeiro mandato, em 2017.
Nas eleições, renovam-se os membros do Parlamento e da Assembleia de Especialistas, os religiosos encarregados de nomear e substituir o guia supremo. Este último, Ali Khamenei, foi um dos primeiros a votar numa mesquita situada no complexo onde vive, em Teerão. "Todos devem votar, todos aqueles que amam o Irão, a República Islâmica, a grandeza e a glória do Irão, declarou depois de votar. "Temos inimigos", afirmou Khamenei sem citá-los, embora normalmente expresse os seus receios em relação às potências ocidentais - especialmente os Estados Unidos -, acusadas por ele de levar a cabo uma política de infiltração.
As contas da primeira volta: quase 5000 candidatos, dos quais 500 mulheres
Com 27 assentos parlamentares atribuídos, ou seja, menos de 10% do total, os conservadores e os reformadores, que são os dois grandes adversários, obtiveram oito e quatro lugares, respectivamente. Uma cadeira foi para um candidato apoiado tanto pelos conservadores como pelos reformadores e oito foram para independentes, segundo a agência Isna. Os seis restantes serão atribuídos na segunda volta da votação, cuja data ainda não foi fixada.
Após a retirada no último minuto de 1.400 candidatos, os iranianos escolheram entre 4.844 candidatos, incluindo quase 500 mulheres, para renovar os 290 membros do Parlamento. Um total de 159 candidatos - todos homens - concorrem aos 88 postos da Assembleia de Especialistas. O mandato neste órgão é de oito anos.
Nas últimas legislativas, em 2012, os reformistas boicotaram as eleições em protesto contra a reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad, em 2009, que consideraram fraudulenta. Deixaram, assim, o caminho livre para os conservadores. A participação na altura foi de 64,2%. Desta vez, os reformistas participam nas eleições e, para aumentar as suas hipóteses, apresentaram candidatos comuns com os moderados (alguns deles conservadores). Os ex-presidentes Mohamad Khatami (reformista) e Akbar Hachemi Rafsandjani (moderado) pediram o voto maciço para os candidatos pró-Rohani, de forma a conter o extremismo. O Conselho dos Guardiões da Constituição, que supervisiona a votação e se encontra sob o controlo dos conservadores, eliminou, por sua vez, os progressistas mais conhecidos.
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