“Se se reduziram pessoas [trabalhadores] e se se aumentou [a rede], o risco de pontualmente falharmos uma operação existe”, afirmou Tiago Farias à agência Lusa.
O administrador lembrou que, entre 2010 e 2016, o Metro “sofreu reduções em termos de capacidade de orçamento e em termos de quadros”, tendo perdido mais de 300 funcionários.
Mas, “cresceu ao mesmo tempo”, tendo-se expandido para o aeroporto e para a Reboleira.
“Essa dimensão de crescimento, com a obrigação de reduzir custos, afetou um pouco a capacidade de responder à operação”, afirmou o presidente do Metro, acrescentando que tem consciência disso e está “neste momento num processo de alargar o quadro”, estando prevista a entrada de 30 novos funcionários.
Sublinhando que ainda está a analisar quantos dos 30 novos funcionários vão para o cargo de motorista, Tiago Farias adiantou que o objetivo “é garantir a oferta que está programada”, porque “cada vez que há um comboio que não passa, não a estamos a garantir”.
Questionado sobre o futuro do Metro a partir de 2017, ano em que a Carris passa a ser gerida pela Câmara de Lisboa, o presidente disse que “as restantes empresas [Metro e Transtejo] ficarão debaixo do chapéu do Estado”.
“Neste momento, há uma administração única e conjunta para todas. O que está a ser desenhado pelo Governo é que as administrações sejam independentes, mas ainda não ficou perfeitamente definido como”, afirmou.
Tiago Farias, por outro lado, afastou a hipótese de o Metro voltar a ter um passe próprio, afirmando que, atualmente, os passageiros da Área Metropolitana de Lisboa têm um “sistema bilhético integrado e muito dificilmente as empresas pretendem fazer produtos autónomos”.
Para o administrador, o “futuro das cidades é ter um passe que não seja associado ao operador. É ter um passe da cidade, onde se entra onde der jeito e se sai onde der jeito”.
O responsável do Metro afastou, também, a hipótese de alargar o horário noturno do Metro em alguns períodos como fins de semana ou durante o verão por considerar que, para isso, “é preciso a empresa estar preparada em termos operacionais, em termos de recursos humanos e em termos técnicos”.
“Acho que o Metro, neste momento, deve-se concentrar em garantir a operação do dia-a-dia com a qualidade que sempre teve e explorar isso para um caso mais pontual”, acrescentou.
Questionado sobre as relações com as estruturas sindicais, que foram muito conturbadas com a anterior administração, o presidente definiu-as como “muito saudáveis”, mas que “não são fáceis”.
“[Os sindicatos] Estão no seu direito de defender os interesses dos colaboradores e nós temos muito interesse em defender a eficiência da empresa, para bem de quem a utiliza. Às vezes é difícil, mas as relações são boas”, afirmou.
Metro de Lisboa com mais 9,3% de passageiros este ano face a 2015
“De janeiro a agosto, o Metro transportou mais 9,3% de passageiros do que no mesmo período do ano passado. É uma performance francamente boa, com bom crescimento de passageiros face ao ano anterior”, disse Tiago Farias em entrevista à agência Lusa.
Afirmando que o Metro “andou a perder passageiros de forma contínua” desde 2010, o administrador afirmou que a empresa está este ano “com um crescimento muito acentuado de passageiros”.
“Veja-se o potencial que tem como instrumento de transporte da cidade de Lisboa quando ganhar outra vez maturidade em termos da fidelidade que queremos”, acrescentou.
Questionado sobre a taxa da fraude sofrida pela empresa, o responsável disse que se situa nos 7,5% e que existem fiscais nas estações para detetar quem entra sem pagar.
Sobre os futuros investimentos do Metro, Tiago Farias sublinhou que a estratégia da tutela é avançar nos próximos anos com o reforço da rede dentro da cidade e menos para fora da cidade.
Nesse sentido, as estações do Rato (Linha Amarela) e a do Cais do Sodré (Linha Verde) vão ser ligadas, porque assim “toda a rede fica mais integrada”.
Em estudo está a expansão da Linha Vermelha, que hoje termina em São Sebastião, até Campo de Ourique.
Entretanto, para o próximo ano, estão já previstas várias obras de reabilitação, que devem arrancar no primeiro trimestre na estação dos Olivais - com uma duração prevista de 13 meses -, que “tem um problema complexo de infiltrações”.
No segundo semestre de 2017 devem arrancar, também, as obras no átrio norte do Areeiro e a reconstrução da estação de Arroios, “que é crucial”, afirmou.
Tiago Farias adiantou que a obra em Arroios irá durar 18 meses, durante os quais a estação estará fechada.
“Fizemos uma análise detalhada do impacto que isso tem, que é muito reduzido, porque há uma estação a 400 metros e outra a 350 metros. São distâncias que ficam encurtadas, porque as pessoas podem fazer diagonais”, acrescentou.
Para o presidente do Metro, a obra de Arroios é “muito importante, porque permite ter a Linha Verde com [comboios de] seis carruagens [atualmente tem três]”.
Além disso, o Metro tem um programa de revitalização de estações mais antigas, em que todas passam a ter elevadores, sendo a primeira a do Colégio Militar/Luz (Linha Azul), estando previsto que a obra se inicie a partir do segundo semestre de 2017.
Questionado sobre as permanentes avarias verificadas nas estações, Tiago Farias desvalorizou, afirmando que a situação está “muito melhor” e afirmou que, dos 100 elevadores que existem, “há zero avariados ou um”.
“Das 245 escadas e tapetes rolantes, hoje nove não estão a funcionar, duas das quais no Rato”, disse o administrador, explicando que são escadas com dezenas de anos e com “arranjos muito complexos, [por exemplo] porque a peça que avariou já não existe e está a ser feita por medida”.
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