“Estou muito preocupado porque acho que os extremismos estão aí para crescer e os partidos do arco da governabilidade estão aí para sofrer”, afirmou, questionado sobre uma estratégia para combater os extremismos que estão a aparecer na Europa.
O ex-vice-presidente do CDS foi hoje orador num ‘workshop’ sobre “O Parlamento Europeu e as regiões”, na escola de quadros da Juventude Popular, estrutura que representa os jovens do partido. A iniciativa decorre até domingo em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro.
A luta contra o crescimento destes movimentos exige “muita coragem” aos partidos mais antigos.
“Não temos de ter vergonha de ser de direita” porque é um “espaço representa sociologicamente muita gente”, defendeu o deputado ao Parlamento Europeu, apontando que o CDS tem “de ser marca registada, ter marca identitária”.
Na sua ótica, o partido não deve descaracterizar-se nem querer tornar-se “noutra coisa porque é moda” e “evitar quezílias internas, que são um disparate”.
“Quanto mais apagados estivermos, mais força damos a esses partidos”, acrescentou.
Nuno Melo afirmou que “a política tem um movimento pendular” e que a “conjuntura neste segundo está a favor destes partidos”.
Apontando que o tempo “é desfavorável”, o eurodeputado considerou que é necessário “esperar uma mudança de ciclo” e, enquanto isso não acontece, “resistir”.
O antigo vice-presidente do partido pediu também às juventudes partidárias que estejam “muito ativas e presentes nos movimentos associativos, na comunicação social e nas autarquias”, para ajudar a “evitar o crescimento dos extremismos”.
Referindo-se ao Chega, partido liderado pelo deputado André Ventura, considerou que é um “drama de vida”, mas frisou que “quando o Chega chegou”, o CDS já existia há muitos anos.
Dentro do tema da palestra, Nuno Melo criticou a aprovação, na quarta-feira, da proposta que aumenta o limite máximo dos recursos próprios da União Europeia por parte do Parlamento Europeu.
Esta proposta que “uniu PS e PSD” prevê “que sejam lançados vários impostos europeus já calendarizados” e manifesta uma vontade de socialistas e sociais-democratas de “criar uma máquina tributária em Bruxelas” com impostos que “não vão afetar da mesma forma uma empresa sendo alemã ou sendo portuguesa”.
“Uma máquina tributária em Bruxelas é tudo o que não devemos querer, há pagamos impostos que cheguem”, atirou o eurodeputado, indicando que votou contra a proposta.
Nuno Melo criticou que este assunto não seja falado em Portugal e que não seja discutido na Assembleia da República, “como é suposto”.
Falando também sobre a resposta do Governo português à pandemia, o centrista criticou o que considerou ter sido uma “abertura muito insensata” da economia e da sociedade durante o verão, que se está a traduzir no aumento de casos de covid-19.
“Em setembro estamos com muito mais pessoas contaminadas do que no pico, em abril”, observou.
Considerando que o que vem aí “será muito pior”, o eurodeputado advogou que esta evolução da doença “vai traduzir-se num problema gravíssimo a nível económico e financeiro”.
Portugal contabiliza hoje mais 849 novos casos de infeção e mais cinco mortes pelo novo coronavirus, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 1.899 mortes, cinco das quais registadas hoje.
Comentários