Na primeira mensagem que dirigiu aos fiéis do Patriarcado de Lisboa, o até agora bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança quis deixar vincada a sua preocupação com os casos de abuso na Igreja, que, na missa crismal deste ano, perante os capelães militares, qualificou como "um autêntico murro no estômago" perpetrado por "indignos membros da Igreja".
“Saúdo os irmãos e irmãs vítimas de abusos por membros da Igreja, meus irmãos; partilho da vossa dor e, juntos, vamos prosseguir, com esperança, no caminho da cura total do vosso e nosso sofrimento, da tolerância zero”, escreveu Rui Valério na mensagem divulgada poucos minutos após o anúncio da sua nomeação pelo Vaticano.
No texto, no qual classifica Lisboa como “capital da juventude e cidade da esperança”, o novo patriarca sublinhou que, para sempre, os dias de Lisboa “serão Jornadas de encontro” e a sua história “horizontes onde todos têm lugar”.
O primeiro bispo monfortino português revelou que “três sentimentos” o tomam nesta ocasião: “temor e tremor” (estando ciente da sua “fragilidade”), “intenção de escutar” (cumprindo o propósito de sinodalidade) e “alegria no serviço”.
Rui Valério deixou, também, uma mensagem aos jovens, dos quais avisa que não se deve “deslocar o foco”, por forma a “manter viva a chama e a mística da Jornada Mundial da Juventude”.
“Para os jovens e com os jovens, somos chamados a ser Igreja missionária e em saída, levando no coração o ardor de chegar a todos”, escreveu o novo patriarca.
Na sua mensagem, ficam ainda agradecimentos ao Papa, pelo seu “encorajamento”; ao Núncio Apostólico, pelo seu “apoio”, e a Manuel Clemente, pelo “estímulo e amizade”, bem como saudações aos bispos auxiliares de Lisboa, Joaquim Mendes e Américo Aguiar.
O Vaticano anunciou hoje a nomeação do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, Rui Valério, como novo patriarca de Lisboa, sucedendo a Manuel Clemente, que pediu a resignação por limite de idade.
Rui Valério, de 58 anos, é natural de Urqueira, no concelho de Ourém, tendo sido ordenado padre em 1991, em Fátima.
Pertencente os Missionários Monfortinos, foi o primeiro padre português daquela congregação a ser ordenado bispo.
Manuel Clemente, que esteve à frente do Patriarcado de Lisboa nos últimos 10 anos, completou 75 anos no dia 16 de julho, idade prevista para a apresentação da renúncia ao lugar de titular da diocese. O cardeal será Administrador Apostólico do Patriarcado de Lisboa até à tomada de posse canónica do novo patriarca, que está marcada para 02 de setembro, sábado, às 11:00, na Sé Patriarcal, diante do Cabido.
A entrada solene tem lugar no dia seguinte, domingo, dia 03 de setembro, às 16:00, no Mosteiro dos Jerónimos.
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