Embora a Rússia tenha bombardeado regularmente cidades e infraestruturas ucranianas no inverno, os ataques massivos tornaram-se mais raros nos últimos meses. Mas esta madrugada foi diferente.
Pelo menos 21 pessoas morreram hoje no ataque russo com mais de 20 mísseis de cruzeiro que atingiram um edifício residencial no centro da Ucrânia, segundo o balanço das autoridades ucranianas. Ao longo do dia, o número tem vindo a aumentar.
O bombardeamento ao edifício de apartamentos de nove andares ocorreu em Uman, uma cidade situada a cerca de 215 quilómetros a sul de Kiev. Foi também registado um outro ataque, na cidade oriental de Dnipro.
Os bombardeamentos têm sido frequentes?
Moscovo tem lançado frequentemente ataques com mísseis de longo alcance ao longo dos 14 meses de guerra na Ucrânia, muitas vezes atingindo indiscriminadamente áreas civis.
As autoridades ucranianas e analistas têm alegado que tais ataques são parte de uma estratégia deliberada de intimidação do Kremlin.
Entre os bombardeamentos com mísseis, registou-se o primeiro contra Kiev em quase dois meses, apesar de não haver relatos de ter atingido qualquer alvo. Contudo, a câmara municipal da capital ucraniana indicou que a Força Aérea do país intercetou 11 mísseis de cruzeiro e dois veículos aéreos não-tripulados sobre Kiev.
O que diz a Rússia sobre o ataque de hoje?
O Ministério da Defesa russo declarou que os mísseis de cruzeiro de longo alcance lançados do ar hoje de madrugada tinham como alvos instalações onde se encontravam alojadas unidades militares ucranianas de reserva antes de serem enviadas para o campo de batalha.
“O ataque cumpriu o seu objetivo. Todos os alvos definidos foram atingidos. O avanço das unidades de reserva inimigas para as zonas de combate foi detido”, afirmou o porta-voz do ministério, o tenente-general Igor Konashenkov, não fazendo qualquer referência a zonas ou edifícios residenciais bombardeados.
E a Ucrânia?
"Este terror russo deve ter uma resposta justa da Ucrânia e do mundo", disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na rede social Telegram.
"Qualquer ataque, qualquer ato maligno contra o nosso país e (o nosso) povo aproxima o estado terrorista (Rússia) do fracasso e da punição", adiantou.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, sustentou que o bombardeamento russo desta madrugada mostra que o Kremlin não está interessado num acordo de paz.
“Ataques com mísseis que matam ucranianos inocentes durante o sono, incluindo uma criança de dois anos, é a resposta da Rússia a todas as iniciativas de paz”, escreveu Kuleba na rede social Twitter, acrescentando: “O caminho para a paz é expulsar a Rússia da Ucrânia”.
O que diz a Comissão Europeia?
“Infelizmente, na última noite e nas primeiras horas do dia de hoje, a Rússia continuou os bombardeamentos à Ucrânia com uma onda gigantesca de ataques com mísseis e 'drones' por todo o país. Tinha como alvos, mais uma vez, civis, que estavam a dormir”, disse o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança Peter Stano.
“Isto é um crime de guerra”, sustentou Peter Stano em conferência de imprensa, em Bruxelas (Bélgica), acrescentando “não haverá impunidade para os comandantes, para os criminosos e para os cúmplices”.
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