“Há nove pacientes que tiveram que retirar os olhos. Estes pacientes chegaram com perfurações graves” e “numa fase irreversível” devido à automedicação contra a conjuntivite hemorrágica, afirmou Sândia Sumbane, médica oftalmologista do Hospital Central de Nampula, em declarações ao canal privado STV.
Mais dois pacientes estão também em risco de ficar sem os olhos, porque sofreram igualmente lesões irreparáveis, dos 23 doentes neste momento internados com conjuntivite hemorrágica, acrescentou aquela médica oftalmologista.
“Há casos de pacientes que fazem a lavagem com a urina, alguns com água e sabão em forma de gotas no olho, são pacientes que tiveram conjuntivite hemorrágica e a maior parte deles não se dirigiram à unidade sanitária, preferiram fazer automedicação”, acrescentou Sândia Sumbane.
Outros, prosseguiu, recorreram a combustível e ervas, para tentarem tratar a doença.
“Eles estão a ter complicações, desde feridas até perfurações nos olhos”, acrescentou.
Apesar da gravidade dos casos mencionados, a notificação de episódios de conjuntivite hemorrágica em Nampula está a reduzir-se, o que levou à abertura ao público em geral do Departamento de Oftalmologia do Hospital Central de Nampula, depois de este serviço ter sido reservado apenas para pacientes com aquela doença, disse Sandia Sumbane.
O Ministério da Saúde indicou recentemente que aumentaram para aproximadamente 17 mil os moçambicanos infetados pelo adenovírus que causa da conjuntivite hemorrágica, particularmente nas províncias de Nampula e de Sofala.
Em 11 de março, segundo dados oficiais, pelo menos sete províncias moçambicanas tinham casos de conjuntivite, a maior parte dos quais em Nampula, no norte de Moçambique.
No dia 22 de março, o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, alertou, em Maputo, que o surto de conjuntivite que afeta várias regiões do país está a condicionar a produtividade das empresas.
“A emergência do surto de conjuntivite está a afetar a produtividade laboral. As empresas têm estado a dispensar os funcionários afetados, que ficam mais de 15 dias em casa, afetando o desempenho das empresas”, disse Vuma.
“Em jeito de solidariedade face à conjuntivite hemorrágica que está a afetar a nossa população, queremos apelar que a comunidade se una, e estejamos atentos às diretrizes emanadas pelas autoridades de saúde para mitigar a propagação deste mal e proteger a saúde de todos”, apelou.
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