Em declarações à imprensa, Boluarte disse que a Constituição especifica que a sua responsabilidade como líder do Executivo é “até 2026”, para concluir o mandato de Castillo, eleito no ano passado, com ela como vice-presidente.
Ainda assim, a advogada de 60 anos acrescentou: “se a sociedade e a situação assim o justificarem, vamos antecipar as eleições; em conversa com as forças democráticas e políticas do Congresso, vamo-nos sentar para conversar”.
Vários políticos têm defendido eleições antecipadas, incluindo o governador da região de Cusco, Jean Paul Benavente, que defendeu que esta seria uma “solução para a crise política do país”.
Depois de tomar posse, Boluarte pediu uma trégua aos deputados que destituiram Castillo por “incapacidade moral permanente”, uma cláusula da Constituição que os especialistas dizem ser tão vaga que permite a queda de um Presidente por quase qualquer motivo.
A mesma cláusula também foi usada para derrubar o Presidente Martín Vizcarra, que governou de 2018 a 2020. O Peru teve seis presidentes nos últimos seis anos.
Também na sexta-feira, a justiça peruana aceitou analisar o pedido de habeas corpus interposto pelo advogado de Pedro Castillo, pedindo a libertação imediata do antigo presidente, que está em prisão preventiva por uma semana, acusado pelo Ministério Público dos crimes de “rebelião” e “conspiração”, por ter tentado destituir o Parlamento e convocar novas eleições.
Segundo o jornal peruana ‘La República’, o advogado defendeu que Castillo foi detido “irregular e ilegalmente”, pois não há provas de que o presidente deposto tenha usado armas, tendo-se limitado a ler um discurso.
O Terceiro Juízo Constitucional da capital, Lima, decidiu admitir a ação contra o Ministério Público, ao contrário do Segundo Juízo Constitucional, que na quinta-feira rejeitou um pedido inicial de habeas corpus.
Nas ruas, pequenas manifestações de apoiantes de Castillo continuam a decorrer na capital e em outras partes do Peru, incluindo Tacabamba, a capital distrital mais próxima da casa rural de Castillo. Os manifestantes exigiam que o líder deposto saísse em liberdade, rejeitaram Boluarte como Presidente e pediram o encerramento do Congresso.
Em Lima, os manifestantes que tentaram chegar ao edifício do Congresso entraram em confronto com a polícia, que usou bastões e gás lacrimogéneo para os suster.
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