“Nós iremos assumir esse compromisso com Portugal que a cidadania vai entrar de forma plena no parlamento, sem precisar de muletas de ideologias, de jogos de bastidores e de poder, porque não é isso que leva o país para a frente”, declarou o presidente do partido.
É a terceira vez que o Nós, Cidadãos! concorre a eleições legislativas, mas em 2015 não foi além dos 22 mil votos e, em 2019, dos 13 mil votos. Este ano, quer ir mais longe e, em entrevista à agência Lusa, Joaquim Afonso desenhou a meta.
“O objetivo mínimo são 50 mil votos para podermos ter uma subvenção (…) e eleger, pelo menos, um deputado. Eu tenho esperança de que consigamos eleger três, mas vamos ver”, apontou.
O partido que nasceu como um movimento de cidadãos vê a necessidade de mudar como urgente e recusa que a resposta para essa mudança esteja nos partidos, mas antes na sociedade civil. “Temos que perder esta mania de que eles, os políticos, é que sabem”, sublinhou.
Por isso, a reforma do sistema eleitoral é uma das propostas que refere como prioritárias no programa com que se apresenta às legislativas de 30 de janeiro e a grande alteração que defende é a possibilidade de candidatos independentes irem também a eleições para a Assembleia da República.
Entre outras medidas, o Nós, Cidadãos!, que rejeita a dicotomia esquerda-direita, iça a bandeira do combate à corrupção, defende o reforço da coesão territorial, políticas ambientais e uma sociedade “com uma classe média forte” que não seja forçada a sujeitar-se àquilo que descreve como a agenda que as minorias querem impor ao resto do país.
Na mesma entrevista, o líder do Nós, Cidadãos! criticou ainda a conjuntura política que levou à convocação de eleições legislativas antecipadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência do ‘chumbo’ do Orçamento do Estado, no parlamento, em 27 de outubro.
“Estas eleições não fazem qualquer tipo de sentido, porque não houve nenhuma moção de censura no parlamento. O chumbo do orçamento é grave, mas na nossa opinião não justificaria [eleições antecipadas]”, refere.
Na hora de apontar responsáveis pela crise política, resume: “A começar pelo Presidente da República, passando pelo primeiro-ministro, pelos líderes e pelas comissões políticas dos partidos que apoiavam este Governo e passando também pela oposição, todos ficaram mal na fotografia porque não houve ninguém que tomasse a iniciativa de dizer ‘Meus senhores, vamos entender-nos””.
No que toca ao atual contexto pandémico, Joaquim Afonso avaliou negativamente a gestão da pandemia ao longo dos últimos dois anos, falando em desnorte e em medidas “em cima do joelho”.
“Não há planeamento, não há orientação, não há nenhuma estratégia delineada e, portanto, como nós dizemos em gíria naval, o que se tem vindo a fazer na gestão da pandemia é navegação à vista”, acrescentou o também antigo militar da Marinha.
Nas últimas eleições legislativas, em 2019, o Nós, Cidadãos! conseguiu 12.379 votos (0,24%).
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