“Pretendo deixar o testemunho de que Taiwan, no momento em que precisa de amigos, nós estamos cá e Taiwan tem amigos e não somos só nós. Neste momento, difícil, em que Taiwan precisa de amigos, nós estamos cá, estamos presentes, estamos solidários, isto é o que eu quero deixar”, assumiu Paulo Rios de Oliveira.
A delegação é composta por sete deputados – Paulo Rios de Oliveira (líder), João Moura, Carlos Eduardo Reis e Helga Correia (do PSD), João Castro, Norberto Patinho e Vera Braz (PS) — que pertencem ao grupo informal de deputados amigos de Taiwan, que “tem mais de 20 anos” e a que o social-democrata preside “há mais de oito”.
Paulo Rios de Oliveira disse à Lusa que há mais delegações na cidade como é o caso de “uma delegação da República Checa, uma lituana, parece que estará cá uma do Canadá a juntar à dos Estados Unidos” da América.
“Quero levar um conhecimento mais concreto do que está a acontecer aqui e de que forma é que nós podemos continuar a ajudar e, se calhar, uma das formas de ajudar é precisamente a dizer ao mundo que é verdade e que aqui se vive uma democracia”, defendeu.
O deputado disse que em Taiwan “se vive uma democracia plena como qualquer democracia ocidental europeia, é exatamente a mesma coisa” e acrescentou que é “testemunha” disso.
“Por outro lado, até que ponto é que posso aumentar e intensificar os nossos contactos nomeadamente culturais e académicos e espero levar daqui mais ideias para poder aumentar isso em Portugal”, afirmou.
O deputado social-democrata disse que quer que saibam em Taiwan que, “além da posição oficial portuguesa, relativamente à posição da China e Taiwan, existe em Portugal, nos portugueses e, neste caso, num órgão de soberania um conjunto muito alargado de deputados que se revê e que se solidariza com a democracia taiwanesa”.
“Isto não é uma causa contra ninguém, é uma causa a favor de muitas coisas, a favor de princípios. Princípios de democracia, da liberdade, paz, direitos humanos, igualdade de género, esses são os nossos princípios e são os princípios deles”, reforçou.
No primeiro dia, o grupo visitou “o centro mais antigo da cidade e um dos templos mais antigos em Taiwan, com uma história extraordinária, onde se misturam várias religiões” e acabaram a jantar com estudantes portugueses que “elogiaram as pessoas e a sua hospitalidade e a segurança enorme da cidade”.
Os dias úteis ficam reservados para as “visitas institucionais” e na segunda-feira o grupo terá “uma audiência com o vice-presidente da República e a seguir um almoço no Ministério da Agricultura, que promove” o encontro.
“A relação institucional é ao mais alto nível, tendo eu a consciência e o sentido de responsabilidade de não dizer, porque não é verdade, que é uma delegação da Assembleia da República ou do Estado português”, assumiu.
E acrescentou: “Deixo o meu apoio institucional de um grupo alargado de deputados, de um órgão de soberania português que estão no livre exercício do seu mandato, mas tenho o sentido de responsabilidade de que Portugal tem uma posição neste conflito”.
“Mas isso não impede um grupo alargadíssimo de deputados da Assembleia da República de Portugal, que se revê e apoia a causa de Taiwan, não contra ninguém, mas a favor de muitas coisas que partilhamos e é nessa qualidade que falarei sempre”, assumiu.
Paulo Rios de Oliveira desafiou ainda “mais políticos” a visitarem Taiwan para “conhecer a realidade e a partir daí poderem falar do que se passa e do porquê ser uma questão tão relevante”.
Na passada semana, durante uma visita à ilha Terceira, nos Açores, o embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang, falou sobre o conflito de Taiwan, criticando a interferência estrangeira, em particular dos EUA.
A China considera Taiwan uma província que faz parte do seu território e que pretende recuperar a qualquer momento, sem descartar o uso da força para tomar a ilha, que tem Washington como seu principal aliado.
Logo a seguir a uma visita da então líder da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, em agosto do ano passado, a China realizou uma série de exercícios militares, depois de a diplomacia de Pequim ter dito que Washington estava a “brincar com o fogo”.
No início deste mês, a China voltou a responder com novos exercícios militares após o novo líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, ter recebido em Washington a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
A visita parlamentar portuguesa acontece uma semana depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter sugerido, durante uma viagem a Pequim, que a União Europeia deve ter uma posição própria sobre o conflito que opõe Taiwan às autoridades de Pequim, demarcada do posicionamento dos Estados Unidos.
“Nós, europeus, não devemos ser seguidores nem temos de nos adaptar ao ritmo norte-americano ou a uma reação exagerada chinesa”, disse Macron, que defendeu uma maior “autonomia estratégica” em termos diplomáticos por parte de Bruxelas.
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