
Numa mensagem enviada a um congresso científico sobre “O fim do mundo? Crises, responsabilidades, esperanças”, datada de 26 de fevereiro e a partir da clínica Agostinho Gemelli onde está internado desde 14 de fevereiro, Francisco pediu “organizações mundiais mais eficazes dotadas de autoridade para assegurar o bem comum global, a erradicação da fome e da miséria e a defesa segura dos direitos fundamentais”.
“Sabendo que não é a tecnocracia que nos vai salvar”, Francisco considerou que “ceder à desregulamentação planetária utilitarista e neoliberal significa impor como única regra a lei do mais forte”, uma “lei que desumaniza”.
Hoje, escreveu o Papa, “infelizmente, temos de constatar uma progressiva irrelevância dos organismos internacionais, que estão a ser minados também por atitudes míopes, preocupadas com a proteção de interesses particulares e nacionais”.
Na mensagem aos participantes do congresso organizado pela Assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida, que tem hoje início em Roma, o Papa elogiou a escolha do tema “policrise”, um termo que “evoca o caráter dramático da conjuntura histórica que estamos a viver atualmente, em que as guerras, as alterações climáticas, problemas energéticos, epidemias, migrações e inovação tecnológica” se confundem.
“O entrelaçamento destas questões críticas, que tocam simultaneamente diferentes dimensões da vida, leva-nos a questionarmo-nos sobre o destino do mundo e a nossa compreensão do mesmo”, afirmou.
Para obter uma resposta, defendeu Francisco, “o primeiro passo” deve ser examinar a relação do homem com o cosmos.
“Se não o fizermos e se não analisarmos seriamente a nossa resistência profunda à mudança, quer como indivíduos quer como sociedade, continuaremos a fazer o que fizemos com outras crises, mesmo muito recentes”, como sucedeu com a pandemia, cuja oportunidade de transformação foi desperdiçada, salientou.
Por isso, “para não ficarmos parados, ancorados nas nossas certezas e nos nossos hábitos e medos”, é necessário “ouvir atentamente a contribuição do conhecimento científico”, sustentou.
“A escuta das ciências traz-nos constantemente novos conhecimentos”, referiu Francisco, evocando Newton e outros cientistas.
O líder da Igreja católica insistiu ainda que o mundo deve procurar “um multilateralismo que não dependa da evolução das circunstâncias políticas ou dos interesses de alguns e que tenha uma eficácia estável”.
O papa está internado desde o dia 14 de fevereiro com uma pneumonia bilateral e esta foi a segunda mensagem escrita depois do internamento.
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