De acordo com o Guardian, as casas de mais mil pessoas receberam água "potável" com níveis perigosamente elevados de produtos químicos tóxicos.
O aquífero que abastece as casas afetadas, perto do aeródromo de Duxford, foi encontrado com níveis de PFOS de quase 400 nanogramas por litro (ng/l) de água - quatro vezes o limite da Inspeção de Água Potável. As pessoas afetadas não tiveram qualquer conhecimento da contaminação.
O PFOS é um produto químico fabricado pelo homem que tem sido associado ao aumento do colesterol, baixo peso à nascença e à supressão da resposta imunitária. Este químico foi muito utilizado em espumas de combate a incêndios, desde finais dos anos 60 até ao início dos anos 2000.
Denominados "poluentes persistentes" porque foram concebidos para nunca se decomporem no ambiente, as substâncias podem penetrar o solo e contaminar aquíferos de água potável.
Jamie DeWitt, professora de farmacologia e toxicologia na Universidade de East Carolina, nos EUA, explicou que. “as pessoas que têm consumido água de forma regular [a estes níveis] poderão ter aumentado o risco de certos tipos de doenças que têm estado ligadas a estudos epidemiológicos (...), incluindo alterações no colesterol [e] reduzido as respostas de anticorpos vacinais, o que é preocupante porque precisamos que o nosso sistema imunitário esteja a funcionar muito bem neste momento". Segundo a professora, outros produtos químicos da família mais vasta de PFAS a algumas formas de cancro.
A Cambridge Water disse que retirou a água contaminada do seu abastecimento em junho e que a exposição estava sob investigação, admitindo não ter informado a comunidade.
A empresa de água não revelou durante quanto tempo a água se encontrou contaminada, apenas que a amostragem anterior, realizada em 2020, sugeria que os níveis anteriores eram inferiores a 100ng/l, embora não fornecesse um nível de concentração exacto.
Um porta-voz da Cambridge Water afirmou à publicação que têm em vigor um plano de monitorização para 47 substâncias, conforme exigido pela Inspecção de Água Potável, "utilizando um laboratório que terá um método analítico acreditado muito em breve", acrescentando que “a saúde pública é a principal prioridade”.
O Reino Unido tem um dos mais altos limiares de PFOS aceitáveis do mundo. Philippe Grandjean, da Universidade do Sul da Dinamarca e professor adjunto de saúde ambiental em Harvard, explicou, em declarações ao Guardian, que quanto mais desta classe de químicos for absorvida pelo organismo, maior é o risco de efeitos adversos. "Não vai ser envenenado, mas a exposição irá aumentar o seu risco de doenças não transmissíveis, tais como perturbações endócrinas, como problemas da glândula tiróide e que pode haver problemas com uma série de doenças”.
A publicação refere ainda que a Defra, a Inspeção da Água Potável e a Agência do Ambiente recusaram-se a comentar.
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