Em entrevista à cadeia de televisão NBC, Pelosi falou sobre as revelações feitas na sequência de uma investigação do diário norte-americano The New York Times sobre as declarações de impostos do Presidente do Estados Unidos da América (EUA).
Segundo a investigação, o Presidente dos Estados Unidos pagou apenas 750 dólares (645 euros) em impostos federais em 2016, ano em que foi eleito, e outro tanto em 2017.
A líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes afirmou que a divulgação destas informações coloca em causa a segurança para o país, uma vez que podem constituir prova de eventuais ingerências de outros países, de lobbies, na governação do chefe de Estado durante os últimos quatro anos.
“Este Presidente parece ter uma dívida de mais de 400 milhões de dólares. A quem? A diferentes países? Qual é a alavancagem [dae dívida] que tem? Na minha opinião, é uma questão de segurança nacional”, explicitou a democrata em entrevista citada pela agência espanhola Efe.
Pelosi instou também Trump a esclarecer estas dúvidas: “Fazemos um juramento de proteger e defender [o país]. Este Presidente é o comandante [das Forças Armadas norte-americanas]. Tem uma exposição de crédito de várias centenas de milhões de dólares. A quem? O público tem o direito de saber””.
O jornal nova-iorquino publicou o primeiro trabalho de vários a serem lançados nos próximos dias que incidem sobre 20 anos de declarações fiscais do multimilionário.
“Não pagou qualquer imposto sobre o rendimento em 10 dos 15 anos anteriores [a 2016], em grande parte porque relatou mais dinheiro perdido do que ganho”, escreve o diário norte-americano.
As declarações fiscais do antigo magnata do ramo imobiliário, Presidente desde 2016 e candidato à reeleição em novembro, estão no centro de uma batalha jurídica, uma vez que Trump sempre se recusou a publicá-las, ao contrário dos seus antecessores.
“O New York Times obteve informações fiscais relativas a mais de 20 anos de Trump e das centenas de empresas que compõem o seu grupo, incluindo informações detalhadas sobre os seus dois primeiros anos de mandato. Isto não inclui as suas declarações de rendimentos de 2018 ou 2019″, escrevem os autores da investigação, que prometem mais revelações nos próximos dias.
Num texto paralelo, o diretor do jornal, Dean Baquet, escreve que “os registos mostram uma diferença significativa entre aquilo que Trump disse ao público e o que revelou às autoridades fiscais federais ao longo dos anos”.
“Essas revelações sublinham o porquê de os cidadãos quererem conhecer as finanças do seu Presidente: os negócios de Trump parecem ter beneficiado da sua posição e as suas ‘holdings’ abrangentes criaram potenciais conflitos entre os seus interesses financeiros e os interesses diplomáticos da nação”, acrescentou Baquet.
Um advogado do grupo de Trump, Alan Garten, disse ao New York Times que “a maioria dos factos, se não todos, parecem estar incorretos”, acrescentando que o Presidente “pagou dezenas de milhões de dólares em impostos pessoais ao Governo federal, incluindo o pagamento de milhões em impostos pessoais desde que anunciou a sua candidatura em 2015″.
Ao contrário de todos os seus antecessores desde os anos 1970, Donald Trump, cujo grupo familiar não está cotado na bolsa de valores e que fez da sua fortuna um argumento de campanha, recusa-se a publicar as suas declarações de rendimentos e trava uma batalha jurídica para impedir a sua divulgação.
Esta falta de transparência tem alimentado especulação sobre a extensão da sua fortuna ou potenciais conflitos de interesses.
A divulgação desta investigação acontece dois dias antes de Trump e o democrata Joe Biden se enfrentarem no primeiro debate antes das eleições presidenciais, que se realizam em 3 de novembro.
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