Em entrevista à Lusa o presidente do ‘ECO’, Murteira Nabo, explicou que, em 2007, um grupo de empresas “conscientes da importância da floresta para o país” e “alarmado pelos prejuízos” que os incêndios vinham a causar ao longo dos anos, “juntou esforços e resolveu desenvolver, de forma pró-bono, uma série de campanhas de educação, prevenção, contra os fogos florestais”.
Segundo o responsável, nas “inúmeras campanhas” que o movimento promoveu nestes dez anos de atividade, o grande objetivo foi “alertar contra os comportamentos negligentes” que estão “muitas vezes” na origem dos fogos florestais.
“Há várias causas para um incêndio, causas naturais, contra essas nada podemos fazer, causas criminosas, não será a nós que compete combater essas e, muitas, muitas vezes, negligência. Estas foram o nosso alvo”, apontou.
Segundo analisou Murteira Nabo, “quando há um grande incêndio a sociedade apressa-se a apontar causas naturais ou crime mas, ao contrário do senso comum, a negligência tem muito mais peso no número de fogos florestais do que a atividade criminosa”.
Ao fim de dez anos, o presidente da ‘ECO’ reconhece marcas do trabalho do movimento.
“É um orgulho para nós sentirmos que hoje é sentimento comum que Portugal sem fogos depende de todos, ou seja, vermos que a nossa mensagem foi recebida e compreendida, que já faz parte da linguagem e do entendimento da sociedade”, salientou Murteira Nabo.
No entanto, alertou, “ainda há muito a fazer porque, embora haja já consciência da importância da prevenção, seja notório que há mais cuidados, educação para a proteção da floresta, continuam a proliferar incêndios com comportamentos negligentes na origem”.
Para o antigo ministro do Equipamento Social, é preciso tempo: “Podemos fazer um paralelismo com a prevenção rodoviária. Foram precisos anos para chegarmos a onde chegamos, para diminuir os números da sinistralidade e aqui igual, já se conseguiu muito, mas ainda há um longo caminho para percorrer”, disse.
Murteira Nabo referiu ainda que “nestas coisas da sensibilização, infelizmente, o choque também acaba por ter um papel importante e este ano, infelizmente, Portugal está a ser muito atingido por incêndios com graves consequências, com graves perdas de floresta e de vidas humanas, como foi o de Pedrógão Grande, e isso também acaba por funcionar como alerta, como exemplo do que um bom comportamento, do que a prevenção pode evitar”.
O presidente do ‘ECO’ lembrou ainda as vantagens económicas da prevenção contra os incêndios florestais.
“Prevenir fica sempre mais barato do que combater. Veja, uma grande campanha, daquelas de um ano inteiro, custa o mesmo que 10 horas de um helicóptero no ar a combater fogos”, referiu.
O Movimento ECO – Empresas contra os Fogos foi criado quando António Costa era ministro da Administração Interna com um “desígnio nacional na prevenção dos incêndios florestais”.
Atualmente reúne “centenas de empresas nacionais que cedem os seus meios de divulgação próprios, internos e externos, para transmitir mensagens de prevenção dos incêndios florestais”.
Ao longo de dez anos, a mensagem do ‘ECO’ circulou em sacos de compras, decoração de portas, cartazes, folhetos nos hipermercados, postos de abastecimento de combustível, packaging de produtos de grande consumo, decoração de locomotivas, anúncios de imprensa, outdoors e nos painéis informativos das autoestradas.
“Não faça fogueira, não atire cigarros para o chão e não lance foguetes”, são os três “grandes alertas” que o Movimento ECO lança todos os anos, desde 2007.
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