“Isto é um negócio entre a IP [Infraestruturas de Portugal, proprietária dos terrenos] e um grupo privado e a Câmara Municipal do Porto não pode nessa matéria intervir. E, portanto, a probabilidade é que lá venha a ser construído alguma coisa”, disse, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à obra do futuro Parque da Asprela.
Candidato a um terceiro mandato, lembrou que o atual executivo acompanhou o pedido ao Governo para que revertesse o negócio com a cadeia espanhola, possibilidade que o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já afastou dando como argumento o valor da indemnização que a IP, como empresa pública, teria de pagar.
“O que nós não podemos subitamente fazer é alterar aquilo que são direitos adquiridos ou substituirmo-nos ao Estado, através da Câmara Municipal do Porto. Isso não faremos com certeza e julgo que nenhuma candidatura pode prometer isso porque a verba é incomportável. A não ser que queiramos entrar outra vez num processo de indemnizações como no Parque da Cidade”, disse.
Rui Moreira lembrou ainda que também a classificação da antiga estação ferroviária foi afastada pela Direção Regional de Cultura do Norte.
“Aliás, quando a linha foi desmontada houve uma musealização daquilo que interessava e não contemplava aquele edifício. Nesse aspeto parece-me que é inevitável que ali venha a ser construído”, observou.
Rui Moreira considera, no entanto, que não se pode apenas ter em conta o “mau”, considerando que o Porto para crescer precisa de ter novos espaços.
“Se olharmos para o lado bom, podemos acreditar que um equipamento ali de alguma qualidade pode servir de âncora, como aconteceu com o El Corte Inglés na Avenida da República, em Gaia”, disse.
Questionado sobre se seria possível conciliar os interesses dos promotores e da população, que defende a criação de um espaço verde naquele local, Rui Moreira considera que as cedências que foram concedidas são “as adequadas”.
Na terça-feira, a cabeça de lista do PAN ao município, Bebiana Cunha, afirmou que a construção de “mais um” centro comercial na Boavista prejudica a qualidade de vida das pessoas e a economia local”, defendendo a criação de uma zona onde as pessoas em 15 minutos conseguem aceder a transportes públicos, a espaços verdes de qualidade e a serviços de proximidade”.
Moreira visitou hoje o futuro Parque Urbano da Asprela, cuja obra está atualmente em curso e que deverá ficar concluída em novembro.
Acompanhado pelos responsáveis pela obra, o independente destacou a aposta do executivo na criação de espaços verdes de proximidade, cuja área de expansão (220 mil metros quadrados) equivale a 22 campos de futebol.
Erguido em terrenos da Universidade do Porto e com uma extensão de seis hectares, o Parque Urbano da Asprela corresponde a um investimento superior a 1,6 milhões de euros, num esforço conjunto entre autarquia, Águas do Porto, a Universidade e o Politécnico do Porto.
Concorrem à Câmara do Porto Rui Moreira (movimento independente “Rui Moreira: Aqui há Porto” — apoiado por IL, CDS, Nós Cidadãos, MAIS), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te) e Diamantino Raposinho (Livre).
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