Luís Montenegro participou hoje num jantar organizado pelo PSD-Lisboa para assinalar os dois anos de governação da cidade pela Coligação Novos Tempos, liderada por Carlos Moedas, pouco depois da comunicação ao país do primeiro-ministro, António Costa, que pediu a demissão do cargo na terça-feira, à qual não se referiu diretamente.
Na sua intervenção, o líder do PSD reiterou que o partido irá levar a votos a sua proposta de recuperação integral do tempo perdido na carreira dos professores e deixou um desafio aos candidatos à liderança do PS – por enquanto o deputado Pedro Nuno Santos, que já se manifestou a favor desta recuperação total, e o ministro José Luís Carneiro.
“Nós apresentaremos em sede orçamental a nossa proposta de recuperação integral do tempo de serviço dos professores. Vamos ver então se aquilo que aí vem é genuíno ou não”, apelou, dizendo que será “um teste do algodão”.
Na área do combate à corrupção e “exigência de transparência na vida pública”, Montenegro frisou que as propostas que anunciou hoje não são “uma resposta ao que está a acontecer”, numa alusão às suspeitas levantadas pelo Ministério Público sobre vários governantes e membros de gabinetes do executivo.
O líder do PSD salientou que “há muito tempo” que a direção do PSD reflete sobre a necessidade de fazer uma regulamentação do ‘lobby’ em Portugal, prometendo que irá avançar com um projeto, bem como com uma nova tentativa de introduzir a criminalização do enriquecimento ilícito, travada no passado pelo Tribunal Constitucional.
Sobre a atual situação política, Montenegro considerou que “há razões muito profundas para haver desanimo, haver descrença” e que os acontecimentos da última semana não são “motivo de orgulho para ninguém”.
“Governar o povo, com arrogância, com soberba, com uso e abuso de poder, tomando conta da administração, não respeitando os adversários e não respeitando as contas de fiscalização — esses Governos acabam sempre mal”, disse.
No entanto, Montenegro prometeu que irá fazer campanha “pela positiva” e virou o discurso para as legislativas antecipadas de 10 de março.
“Estamos sobretudo direcionados para o futuro, não para justificar o passado — há mais quem tenha esse encargo. Não deixaremos de apontar erros estratégicos nos últimos anos, mas o que queremos é apontar a luz, a esperança”, disse.
Na sua intervenção, de menos de meia hora, Montenegro deixou mais um compromisso eleitoral dirigido aos pensionistas, voltando a acusar o PS de se ter preparado para cortar mil milhões de euros aos reformados no ano passado, mas ter recuado por pressão do PSD.
“Aviso já: escusam de vir com fantasmas. Connosco, vamos ter a atualização de pensões de acordo com o que está na lei e uma recuperação extraordinário para quem tem uma pensão inferior ao Salário Mínimo Nacional. Essas têm de recuperar mais que as outras”, disse.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
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