“Creio que o secretário de Estado adjunto [do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes], independentemente do que possa vir a dizer em sede parlamentar, já poderia ter contribuído para o esclarecimento, mas só veio avolumar ainda mais a dúvidas, parece que se estão a preparar respostas para que tudo encaixe”, considerou Luís Montenegro.
O líder social-democrata falava aos jornalistas depois de ter estado reunido cerca de uma hora com uma delegação da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), na sede do partido, em Lisboa.
“O que posso anotar como observador é que quanto mais as histórias se querem encaixar, mais elas se desencaixam e aparecem de forma contraditória no espaço público”, salientou.
O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro — que poderá ter de ir ao parlamento a uma audição sobre o tema – tem recusado responder a perguntas sobre a atuação do SIS na recuperação do computador de um ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, depois de João Galamba ter afirmado, na sua audição na comissão de inquérito à TAP, este mês, que quem lhe disse, em 26 de abril, para contactar os serviços de informações foi Mendonça Mendes.
Montenegro adiantou ainda que está a ser ultimado o requerimento anunciado pelo presidente do PSD em entrevista à RTP, para que o primeiro-ministro, António Costa, explique a atuação dos serviços de informações neste caso, e enumerou algumas das questões que constarão do documento.
“Quem foi efetivamente que acionou a diligência dos serviços de informação; quem é que dentro do Governo fez essa interação e acompanhou o desenvolvimento dessa operação; porque é que a PSP e a PJ não tomaram elas próprias a iniciativa de chamar os serviços [de informações], se havia necessidade e enquadramento legal para essa chamada”, referiu.
O presidente social-democrata quer ainda saber, “de uma vez por todas, o que é que foi dito aos serviços de informações”.
“Foi dito que houve um roubo no Ministério das Infraestruturas ou não? O primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas, quando falaram ao país, sabiam ou não qual o enquadramento daquela situação?”, questionou.
Para Luís Montenegro, “o país não pode conviver com serviços que atuam numa zona muito sensível, que envolve secretismo, se não se souber que isso ocorre dentro da legalidade e sem nenhum tipo de abuso face ao que são as determinações e as condicionantes legais”.
Comentários