“Aquilo que eu defendo é [que] a Polícia de Segurança Pública (PSP), o Ministério da Administração Interna (MAI), fazem as suas avaliações e a CML aqui está a executar, porque uma vez que o Estado central não o faz, a própria CML está a instalar as câmaras e está a pagar essas câmaras”, disse Carlos Moedas, acrescentando: “agora, não posso ser eu como presidente da Câmara a decidir onde. Já decidimos em vários sítios da cidade que são importantes, o Martim Moniz não estava incluído nessa primeira lista, mas obviamente que estou perfeitamente com a PSP para também implementar no Martim Moniz, se essa for a vontade da PSP”.

O autarca falava aos jornalistas depois de instado a comentar a segurança no local, no seguimento de uma queixa de violação registada por uma estudante italiana ocorrida no domingo, alegadamente no Martim Moniz.

Moedas destacou que “a videoproteção é um grande projeto que a CML está a fazer para a PSP”, através da prevista instalação de 240 câmaras em diversas zonas da cidade. Nenhuma delas está prevista para o Martim Moniz, porque não foi considerado pelo MAI como uma zona prioritária”.

“Mas, obviamente, se a PSP, porque são eles que sabem, são eles que trabalham a segurança na cidade, se eles nos disserem para irmos para o Martim Moniz, também o faremos. Aliás, estamos a fazer 240 na cidade, portanto é normal que isso também seja feito”, disse Moedas, sublinhando, no entanto, que “o presidente da câmara não pode fazer avaliações de segurança, quem faz avaliação de segurança são as instituições, o MAI e a PSP”.

Moedas realçou “que desde o primeiro dia” como presidente da câmara avisou para a “maior violência na prática dos crimes” em Lisboa.

“Eu não estou a falar em mais crimes, estou a falar como eles são praticados”, disse Moedas.

O autarca sublinhou, ainda, que tem alertado “desde o primeiro dia” para a diminuição do número de polícias na rua, que eram 8.000 em 2010 e atualmente são apenas 6.700, o que “é um problema para a cidade e que é importante para as pessoas”.

“Para mim é uma preocupação e vou continuar a lutar para ter mais PSP em Lisboa, para que a Polícia Municipal possa ser uma polícia que complemente a PSP, que possa efetivamente fazer detenções quando elas são necessárias e, portanto, estou a trabalhar nesse sentido”, afirmou, realçando que atualmente sente “algumas melhoras”.

“Eu tenho estado sempre a pedir mais PSP, mais Polícia Municipal, começo a ver mais PSP na rua, é preciso que a polícia esteja visível e essa visibilidade é importante para a segurança dos cidadãos e para a segurança de quem quer que seja”, acrescentou, sublinhando que “mais de 30%” da população de Lisboa não nasceu em Portugal, o que é motivo de “um grande orgulho”, mas exige que a cidade trabalhe “na área da segurança, como todas as grandes cidades”.

Uma jovem estudante italiana a fazer Erasmus em Portugal queixou-se de ter sido violada na madrugada de domingo junto à sua residência, na zona do Martim Moniz, em Lisboa, por dois ou três homens, segundo a Polícia Judiciária.

Fonte da Polícia Judiciária (PJ) disse à agência Lusa que o caso foi reportado pela PSP, que recebeu a queixa e tomou conta da ocorrência, fazendo depois o caso transitar para a PJ para investigação.

A mesma fonte confirmou tratar-se de uma jovem italiana, cuja idade não foi revelada, a estudar em Portugal e que após ter saído de uma viatura TVDE foi atacada ao dirigir-se a pé para a sua habitação, na zona do Martim Moniz. Outra fonte policial disse à Lusa que a alegada agressão e violação ocorreu nas Escadinhas da Saúde.