“Que não haja dúvida nenhuma sobre a capacidade de acolher da Câmara Municipal, vamos continuar a acolher todos e bem”, afirmou o presidente da autarquia de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), após ser questionado sobre a mensagem da vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Laurinda Alves (independente eleita pela coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), em que indica que “a Câmara Municipal de Lisboa não tem capacidade para se responsabilizar pelo acompanhamento destas famílias, mas apenas para o acolhimento de emergência”.
Falando à margem da assinatura do acordo de consórcio para o desenvolvimento do projeto do Hub do Mar, na Doca de Pedrouços, em Lisboa, Carlos Moedas disse que “a câmara liderou desde o primeiro momento” no apoio ao povo ucraniano, recordando a noite de 24 de fevereiro – dia em que a Rússia começou a ofensiva militar na Ucrânia –, em que se iluminou o edifício dos Paços do Concelho e, com a embaixadora da Ucrânia em Portugal, se começou “a ajudar, logo nesse dia, muitas pessoas”.
“Conseguimos ter um centro de acolhimento que hoje, por um lado, já recebemos mais de 3.000 contactos para esse centro de acolhimento, já ajudámos quase 300 pessoas, e estamos a conseguir fazer algo extraordinário, que é juntar pessoas que querem ajudar com aquelas que necessitam ajuda, sejam empresas que querem ajudar com ofertas de emprego, sejam pessoas que querem ajudar com sítios para as pessoas poderem instalar-se, com casas, com apartamentos”, expôs o presidente da Câmara de Lisboa.
Sobre o acolhimento de refugiados ucranianos em Lisboa, os vereadores do PS questionaram hoje a posição da autarquia neste âmbito, após terem tomado conhecimento de uma nota enviada pela vereadora Laurinda Alves a indicar que “a Câmara Municipal de Lisboa não se responsabiliza, não paga, não dá sequência a mais nada após o acolhimento de emergência”.
“O Partido Socialista aguarda que Carlos Moedas clarifique, de vez, a posição da autarquia e que Laurinda Alves dê cumprimento ao programa municipal de emergência aprovado, com o seu próprio voto, em reunião de câmara”, lê-se na nota dos vereadores do PS, em que se referem ao programa “VSI TUT – TODOS AQUI”, para integração de refugiados do conflito militar na Ucrânia, através de soluções de habitação, trabalho, educação, saúde, mobilidade e cultura, aprovado por unanimidade na quarta-feira.
Em resposta, Carlos Moedas garantiu: “Lisboa vai conseguir, e tem conseguido até agora, todos os dias dar resposta a todos, vamos continuar a dar resposta a todos, vamos fazê-lo com a liderança que temos feito até agora, essas pessoas têm sido acolhidas de uma maneira realmente extraordinária, desde consultas médicas que conseguimos arranjar imediatamente, até imediatamente localizar um hotel que os possa receber, até soluções de longo prazo”.
O presidente da Câmara de Lisboa realçou ainda a importância de liderar com outras cidades, “não só cidades em Portugal, mas cidades também na Europa”, com o objetivo de “uma rede internacional de cidades” para responder ao acolhimento de refugiados ucranianos, em que “o Governo tem também as suas responsabilidades”.
“Nós estamos aqui para acolher e estamos para acolher todos, para receber bem todos”, reforçou o autarca do PSD, referindo que “Lisboa é uma cidade aberta”, disposta a acolher e a integrar os refugiados ucranianos, inclusive porque podem contribuir “para a inovação, para a tecnologia, para tudo aquilo que é o futuro de Lisboa que passa por essa diversidade”.
Carlos Moedas deixou ainda uma mensagem a todos aqueles que estão a chegar da Ucrânia: “Têm aqui um presidente da câmara que também é presidente da câmara de todos eles, porque eles também são lisboetas, vão ser lisboetas e nós vamos acolher”.
Para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajudar, o município disponibilizou a linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email sosucrania@cm-lisboa.pt, estando a decorrer no edifício dos Paços do Concelho a recolha de bens essenciais, num esforço conjunto da Câmara de Lisboa e das 24 juntas de freguesia da cidade.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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