“Estamos muito preocupados e atentos à situação. A Direção-Geral de Saúde (DGS) tem estado a fazer análise cuidadosa, que envolve uma metodologia que passa pela deslocação de uma equipa da DGS a cada um dos hospitais onde se verificaram os óbitos de 2017 e 2018. Isto tem estado a ser feito e será concluído em relação aos 17 casos de 2018 no próximo dia 6 de dezembro, com exceção de um óbito que aconteceu em casa e de dois óbitos que aconteceram na Região Autónoma da Madeira e que, portanto, por articulação entre a região autónoma e a DGS, são analisados na própria região”, disse.
“Aquilo que vamos fazer e, com as conclusões desta análise de processos, depois ter uma apresentação, no fundo, dos achados em termos de prática nestes processos, para submissão a uma equipa de peritos que permita, com um olhar externo e total transparência, fazer a aferição daquilo que no fundo nos interessa verificar, que é saber se nestes casos o desfecho podia ter sido outro, ou se se tratava de um desfecho inevitável. Contamos poder apresentar os resultados até final do ano”, acrescentou Marta Temido.
A morte de 17 mulheres durante a gravidez, parto ou pós-parto em 2018 representa um aumento de quase 100% comparativamente com o ano anterior (2017), em que se verificou a morte de nove mulheres.
A ministra da Saúde, que falava aos jornalistas depois de participar na sessão de abertura do 11º Encontro das Unidades de Saúde Familiares, na Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz, no Monte da Caparica, em Almada, referiu-se também à possibilidade de, no futuro, se constituírem equipas médicas fixas na urgência dos hospitais, mas reconheceu que a tendência dos últimos anos tem sido precisamente ao contrário e que tem havido cada vez mais o recurso a empresas prestadoras de serviço.
“As recomendações que o grupo de trabalho [para estudar a constituição de equipas fixas nas urgências hospitalares] vai no sentido da profissionalização. Isso não quer dizer equipas dedicadas, mas garantir as urgências com equipas fixas do SNS, prescindindo o mais possível do recurso a trabalho prestado por prestadores de serviços. É um percurso que tem sido difícil. Aliás, é preciso reconhecer que nem sequer tem sido essa a tendência, tem-se acentuado o recurso à prestação de serviços”, reconheceu a ministra.
A ministra da Saúde referiu ainda que há vários aspetos relacionados com a organização da prestação de cuidados no SNS, relativamente aos quais o serviço de urgência assume ainda uma parte muito significativa, pelo que considerou necessário aumentar a resposta ao nível da rede de cuidados de saúde primários.
“Precisamos de facto de ultrapassar este constrangimento, isso tem a ver com uma mudança cultural e o Ministério da Saúde vai fazer uma campanha de informação no sentido de sensibilizar a população para só recorrer à urgência quando é absolutamente necessário”, disse.
“Isso significa que temos de ter outras respostas alternativas, temos de melhorar a resposta à doença aguda noutros níveis de cuidados”, conclui Marta Temido.
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