Aos jornalistas, a ministra da Saúde anunciou haver "três casos no centro hospitalar de São João”, no Porto, e “um caso no centro hospital de Lisboa Central”, ou seja, no hospital Curry Cabral.
Segundo avança a ministra, “os casos do norte têm um link epidemiológico em Itália”, não sabendo ainda, porém, qual a ligação para o caso detetado em Lisboa nem se este se relaciona com o caso atualmente confirmado na capital.
Apesar do anúncio de novos quatro casos, a ministra confirmou que Portugal se vai manter em "fase de contenção alargada".
“Continuamos com uma identificação da ligação epidemiológica dos casos […], o que nos permite identificar a existência de casos e nos dá confiança de não haver ainda transmissão livre na comunidade”, concluiu a ministra da Saúde.
Questionada de Portugal já conta com equipamentos de proteção individual suficientes para guarnecer a população contra o coronavírus, Marta Temido não respondeu com números efetivos, lembrando apenas a necessidade de se fazer uma "utilização criteriosa" e que "não são todas as pessoas que precisam de máscaras" e nem "todos os profissionais de saúde" precisam dos equipamentos.
Quanto às medidas coordenadas de resposta discutidas com os seus homólogos da União Europeia, Marta Temido disse que uma das conclusões foi evitar "medidas restritivas" que ponham em causa a livre circulação de pessoas, havendo sim uma "preocupação de coordenação, de articulação e, sobretudo, da ativação de mecanismos existentes na União Europeia para compras e programação conjunta".
Marta Temido disse ainda que a comissária de Saúde da União Europeia, Stella Kyriakides, garantiu que na próxima semana "estarão em marcha medidas que têm a ver com os kits de proteção individual".
O tema da substituição de Henrique Martins à frente da SPMS — a entidade responsável pela Linha SNS24 — também foi abordado pela ministra. Apesar de coincidir com os recentes constrangimentos da Linha SNS 24 relacionados com o surto pelo novo coronavírus, Marta Temido diz que a saída do responsável não foi uma "demissão". "Houve um mandato que terminou no dia 31 de dezembro de 2019, houve uma proposta de constituição de um novo conselho de administração que seguiu a tramitação normal”, explicou, isto apesar do governo poder ter optado pela recondução da equipa de Henrique Martins por mais três anos.
Cronologia do Covid-19 em Portugal
Recorde-se que os primeiros dois casos em Portugal foram confirmados esta segunda-feira, 2 de março. O primeiro foi o de um homem de 60 anos, médico, que esteve no norte de Itália a fazer férias e cujos sintomas tiveram início a 29 de fevereiro. Ficou internado no Hospital de Santo António, no Porto.
O segundo caso é também de um homem, de 33 anos, cujos sintomas tiveram início a 26 de fevereiro. O homem esteve a trabalhar em Espanha e apresentou sintomas ligeiros, tendo ficado internado no Hospital de São João, no Porto.
O terceiro e quarto caso foram conhecidos na terça-feira, 3 de março. Segundo a DGS, o terceiro doente trata-se de um homem de 60 anos, de Coimbra, que está no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, e tem ligação a outro caso confirmado para Covid-19. Já o quarto infectado é outro homem, este de 37 anos, internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, igualmente com ligação a um caso confirmado para Covid-19.
O quinto caso, confirmado esta quarta-feira, 4 de março, é o um homem de 44 anos, que esteve recentemente em Itália e está agora internado no Hospital de São João, no Porto. Trata-se de um professor da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE) e a instituição de ensino decidiu suspender as aulas. A Escola Profissional de Artes da Beira Interior, na Covilhã, onde o professor também lecionou, já fez saber que está a avaliar medidas.
O sexto caso, também foi confirmado esta quarta-feira, e trata-se de uma mulher no grupo etário dos 40 aos 49 anos que está internada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. A doente é professora numa escola básica da Amadora. A diretora-geral da Saúde disse esta quinta-feira à RTP que a doente é professora na Escola Básica Roque Gameiro, na Amadora. O caso levou à suspensão das aulas para cinco turmas.
Esta quinta-feira foram confirmados mais três casos. O dois primeiros (o sétimo e o oitavo) durante a manhã; são dois homens que estão internados no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto. A Direção-Geral da Saúde (DGS) indicou em comunicado enviado às redações que se trata de dois homens e que a situação clínica de ambos está estável. Num caso o doente tem 50 anos e veio de Itália; noutro, a DGS indica que tem 49 anos e ligação a outro caso confirmado.
Durante a tarde desta quinta-feira, dia 5, foi confirmado o nono caso, o de um homem de 42 anos que esteve em Itália e que se encontra em tratamento no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Para além dos casos em Portugal, recorde-se que um tripulante português de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção. Antes, Adriano Maranhão, outro dos portugueses infetados no Japão com o novo coronavírus, teve alta hospitalar a 1 de março.
Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas — que incluem febre, dores no corpo e cansaço — deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
As recomendações de saúde para evitar infeções são as seguintes:
- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
- Caso se dirija a uma unidade de saúde com suspeitas de infeção ou sintomas deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
De referir que a Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
O Covid-19 é o nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde à doença provocada pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado.
O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.450 mortos e infetou mais de 97 mil pessoas em pelo menos 86 países.
Até à meia-noite de sexta-feira (16:00 horas de quinta-feira, em Lisboa), a China continental, que exclui Macau e Hong Kong, somava, no total, 3.042 mortes e 80.552 casos de infeção, mais de 80% do conjunto global em todo o mundo, apesar dos surtos recentes em Itália, Irão, Coreia do Sul e Japão.
A China informou que mais de 53.700 pessoas receberam alta no país desde o início do surto.
Além dos 3.042 mortos na China Continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos, Filipinas, Espanha, Reino Unido e Iraque.
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