O contingente português hoje visitado por António Costa e pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, está em Samos desde o início do mês no âmbito das missões da Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira) e é composto por um chefe de equipa, oito agentes da Polícia Marítima e um técnico de manutenção.
Na Grécia, além de Samos, Portugal tem na ilha grega de Lesbos outra equipa da Polícia Marítima, esta constituída por um chefe de equipa, três agentes e um técnico, apoiados pela embarcação "Arade".
No que respeita às características destas missões, cabe às forças portuguesas a vigilância na fronteira marítima e efetuar patrulhas terrestres nas áreas costeiras, apoiando Operações de Busca e Salvamento (SAR) e procedendo a controlos de fronteira. Ainda no plano operacional, as forças da Polícia Militar têm de identificar e mesmo intercetar movimentos suspeitos, prevenir e detetar a migração irregular e o crime transfronteiriço.
Desde o início do ano, as forças nacionais já estiveram evolvidas no resgate de cerca de dois mil refugiados, um número superior ao registado em 2018.
E foi precisamente este aspeto que António Costa destacou em declarações à agência Lusa, após ter percorrido na embarcação rápida "Tubarão" uma faixa marítima no mar Egeu, em que as costas grega e turca estão separadas por uma escassa milha. Alguns dos refugiados tentam mesmo a sua sorte a nado. Mas a maioria aparece diante das forças da Polícia Marítima em botes sobrelotados e na iminência de afundamento.
"Aquilo que assisti aqui em Samos excedeu em muito as minhas expectativas e estou muitíssimo orgulhoso. Desde 2014, o trabalho da Polícia Marítima só em salvamento de vidas já atinge as 6.940 pessoas", declarou António Costa, tendo ao seu lado o ministro da Defesa e após receber elogios do vice-primeiro-ministro grego, Panagiotis Pikrammenos, ao trabalho desenvolvido pelos portugueses.
Logo que chegou a Samos, ao início da tarde de hoje, o primeiro-ministro assistiu a um vídeo e a uma explicação da missão pelo comandante da Polícia Marítima, o vice-almirante Sousa Pereira.
"O trabalho que aqui fazem é também psicologicamente muito duro, porque há um contacto direto com casos de grande sofrimento humano. Mas também há um aspeto de gratificação por se poder resgatar essas vidas. É para nós um motivo de orgulho podermos participar nesta missão da União Europeia na defesa de uma fronteira externa, mas que é uma fronteira comum a todos nós", acentuou o líder do executivo português.
No porto de Samos, António Costa deixou ainda uma mensagem de Natal dirigida a todas as forças militares e de segurança portuguesas destacadas pelo mundo, em missões das Nações Unidas, da NATO ou da União Europeia.
De acordo dados recentes divulgados pelas autoridades gregas, a questão dos refugiados e das migrações ilegais conserva-se "crítica", estando atualmente hospedados em centros de acolhimento 35.344 migrantes.
Na Grécia, todos os centros de acolhimento já excederam a sua capacidade máxima de acolhimento, sendo Lesbos o ponto com mais refugiados (17.057 migrantes), embora a ilha de Samos seja a que se encontra mais lotada. O centro de acolhimento de Samos ablega 6.385 migrantes, mas a sua capacidade de acomodação é para 938 pessoas.
Neste ponto, o primeiro-ministro considerou que é fundamental a União Europeia "reorganizar todo o sistema de solidariedade e de partilha de esforço".
António Costa referiu que, desde agosto de 2018, Portugal tem um acordo bilateral com a Grécia, mas que tem registado "poucos resultados práticos por falta de mecanismos de identificação dos perfis pessoais e dos mecanismos de recolocação em Portugal".
"Os mecanismos mais institucionalizados de recolocação é um problema grande que a União Europeia tem de resolver - um problema que já não é político, sendo sobretudo de logística e de operacionalização das decisões já tomadas. Creio que nenhum dos países da União Europeia deve ter esgotado as quotas que assumiu para acolher refugiados no seu território, exceção feita Estados-membros como a Alemanha e a Suécia, que estão para além das suas quotas", apontou o primeiro-ministro.
Para António Costa, "permanece uma grande dificuldade em redistribuir pelos países as pessoas que se vão concentrando" em campos na Grécia ou Itália.
"É difícil compreender estas dificuldades operacionais da União Europeia ao nível da redistribuição das pessoas", acrescentou.
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