A reunião deste órgão máximo do BE entre convenções decorrerá durante todo o dia de hoje, à porta fechada como sempre, em Lisboa, estando marcada para o final a habitual conferência de imprensa da coordenadora bloquista, Catarina Martins, que apresentará as conclusões.

O Bloco de Esquerda (BE) teve nas legislativas de domingo o pior resultado dos últimos 20 anos, falhando os objetivos a que se propôs, perdendo metade dos votos e ficando reduzido a cinco deputados.

“É um dia difícil e um mau resultado com que saberemos viver e saberemos responder ao nosso mandato”, assumiu Catarina Martins no domingo, na reação aos resultados eleitorais que determinaram a vitória do PS com maioria absoluta.

Na mesma declaração, a líder do BE afirmou que esta foi “uma campanha muito difícil, com uma bipolarização que, como se percebeu, era falsa e criou uma enorme pressão de voto útil que penalizou os partidos à esquerda”.

Dias depois, no final da audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Catarina Martins garantiu que cumprirá “por inteiro” o seu mandato à frente do partido, respondendo aos “caçadores de cabeças” que os bloquistas não decidem a sua direção de acordo com resultados eleitorais, uma ideia que já tinha deixado clara na noite eleitoral.

Numa altura em que faltam apenas apurar as votações dos círculos da emigração, segundo os resultados provisórios, os bloquistas têm 4,46%, relativos a 240.265 votos, caindo de terceira para quinta força política em percentagem de votos (se a conta for feita em deputados passam mesmo a ser o sexto partido).

No final das duas semanas de campanha, os objetivos do BE estavam bem traçados: manter-se como terceira força política, evitar a direita no poder e conseguir uma solução governativa à esquerda com um acordo de legislatura com o PS.

Na noite de domingo, estas metas saíram goradas — à exceção da derrota da direita – e as eleições foram um desaire para o partido de Catarina Martins que desde 2015 tinha 19 deputados e na legislatura que agora irá começar ficará apenas com cinco.

O BE passa a ter representação apenas em Lisboa (dois deputados), Porto (dois deputados) e Setúbal (uma deputada) – todos círculos eleitorais em que perdeu deputados -, deixando ainda de ter mandatos por Coimbra (José Manuel Pureza está de saída do parlamento), Aveiro, Braga, Santarém, Faro e Leiria.

A estratégia do BE nas legislativas de “estender a mão ao PS para fazer acordos” em vez de se apresentar como alternativa foi criticada, em declarações à Lusa, pelo histórico da UDP Mário Tomé, que pediu um “balanço sério” sobre esta pesada derrota.

Na mesma linha, os antigos deputados bloquistas Pedro Soares e Carlos Matias assinalaram que o seu partido teve uma “derrota eleitoral muito vincada” nas legislativas de domingo, que atribuem à aproximação ao PS nos últimos anos e não à bipolarização que tem sido apontada pela direção do BE.

Já o fundador do BE Luís Fazenda considerou, também em declarações à Lusa, considerou que não há qualquer crise interna depois da derrota nas legislativas, mas sim unidade, apesar da tristeza com os maus resultados, defendendo que foi seguido o caminho certo numa “campanha competente”.