![Meloni com reservas na cimeira de Paris defende ação dos EUA](/assets/img/blank.png)
Giorgia Meloni, figura politicamente próxima do Presidente norte-americano, Donald Trump, participou na segunda-feira, no Palácio do Eliseu, na reunião de urgência convocada por Emmanuel Macron, mas mostrou pouco entusiasmo com a celebração da reunião.
A generalidade da imprensa italiana de hoje aponta que Meloni ponderou a sua participação na reunião até perto do seu arranque, chegou com considerável atraso ao Eliseu — evitando assim integrar a foto de família, notam alguns jornais, dado não querer parecer integrar uma hipotética coligação alternativa a Trump -, não prestou declarações à imprensa no final da reunião, nem tão pouco fez qualquer publicação na sua conta oficial na rede social X.
Na sua intervenção perante os outros líderes presentes em Paris, de acordo com fontes governamentais, Meloni fez questão de descrever as conversações como meramente “interlocutórias”.
No encontro estavam chefes de Governo de Espanha, Países Baixos, Reino Unido, Alemanha e Polónia, além dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, e do secretário-geral da NATO, Mark Rutte —
Segundo várias fontes, a primeira-ministra italiana defendia a participação dos Estados bálticos e da Finlândia, particularmente afetados pela ameaça russa -, e defendeu que “os Estados Unidos estão a trabalhar para alcançar a paz na Ucrânia”, devendo a Europa desempenhar o seu papel sem colocar em causa os esforços da administração norte-americana.
Por outro lado, Meloni, ainda de acordo com fontes governamentais, também se opôs à ideia do envio de militares europeus para a Ucrânia, uma das questões abordadas na reunião do Eliseu, comentando que tal “é um caminho complexo e talvez o menos eficaz”.
A cimeira do Eliseu foi convocada de urgência por Macron para desenhar uma estratégia europeia face às conversações promovidas pelos Estados Unidos para acabar com a guerra na Ucrânia, iniciada há três anos com a invasão russa daquele país.
A administração norte-americana deixou claro durante a Conferência de Segurança de Munique que a Europa não terá lugar na mesa de negociações entre a Ucrânia e a Rússia, o que perturbou as capitais europeias.
A iniciativa do presidente francês foi celebrada na véspera de duas delegações dos Estados Unidos e da Rússia iniciarem hoje oficialmente as negociações em Riade, mas a reunião de Paris terminou sem quaisquer avanços relativamente a uma posição unida da Europa.
Apesar de o atual Governo italiano de direita e extrema-direita liderado por Meloni integrar um partido com conhecida proximidade ao Presidente russo Vladimir Putin, a Liga de Matteo Salvini, a Itália tem condenado firmemente a agressão russa desde o seu início.
A primeira-ministra italiana defendeu na segunda-feira o Presidente, Sergio Mattarella, criticado por Moscovo depois de ter comparado o Kremlin ao regime nazi, durante uma palestra em Marselha (França) na semana passada, ao afirmar que a agressão russa à Ucrânia “é da mesma natureza” do projeto do Terceiro Reich para a Europa.
Desde então que várias instituições governamentais e financeiras italianas têm sido alvo de ataques de piratas informáticos pró-russos, como retaliação às declarações de Mattarella, tendo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmado na segunda-feira que os comentários do Presidente da República italiana, que classificou como “invenções blasfémicas”, não ficarão “sem consequências”, recordando que, durante a II Guerra Mundial, a Itália lutava ao lado da Alemanha nazi.
Meloni respondeu que “os insultos” de Zakharova a Mattarella constituem “uma ofensa a toda a nação italiana, que o chefe de Estado representa”.
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