No final de uma reunião geral de médicos, que decorreu na terça-feira à noite em Lisboa, o presidente da FNAM, Mário Jorge Neves, explicou à agência Lusa que "existe uma prediposição muito forte e uma indignação muito forte por parte dos médicos para enveredarem por formas de luta".
Os médicos já tinham anunciado em agosto que ponderavam a realização de uma greve em outubro, depois das eleições autárquicas, mas hoje aquele dirigente sindical especificou algumas das formas de luta: "Greves rotativas pelas várias zonas do país em semanas sucessivas, a culminar numa greve nacional com concentração em frente ano Ministério da Saúde".
Isto poderá acontecer, disse, caso o Governo se recuse a repor "situações laborais que estavam em vigor antes da 'troika'".
"Aquilo que estamos a colocar na mesa das negociações não são exigências corporativas ou exigências de privilégio", sublinhou.
Além da reunião de terça-feira, os médicos têm ainda marcadas esta semana reuniões em Coimbra e no Porto.
"Nós vamos respeitar escrupulosamente o compromisso que assumimos de manter viável o período de negociação até ao final do mês. A partir daí, se não houver uma atitude sensata, realista e até coerente da parte do Governo em repor medidas que estavam em vigor antes da entrada da 'troika' no nosso país, estão em causa as mesmas situações que estiveram no desenlace da greve de maio", ameaçou.
Em causa está a redução da lista de utentes por médico de família, que atualmente se situa nos 1.900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a um máximo de 1.500.
A limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200 e a imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência são outras das matérias essenciais para os sindicatos e que já estiveram na origem da greve de maio.
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