O chefe de Estado foi questionado sobre o relatório entregue hoje na Assembleia da República por uma comissão técnica independente à saída de uma cerimónia de entrega de prémios literários, no Casino Estoril.
"O Presidente da República não fala por ter ouvido, tem de ler, e eu não tive tempo para ler", respondeu, referindo que teve "um dia muito cheio", mas já tem o relatório, "devidamente impresso", com "mais de 150 páginas, fora os anexos".
Marcelo Rebelo de Sousa disse que tenciona começar a ler o documento ainda hoje e terminar na sexta-feira, porque tem nesse dia, à noite, "um encontro com a associação dos familiares das vítimas" do incêndio de Pedrógão Grande.
"E no dia seguinte estarei a abrir um colóquio que elas organizam", adiantou, concluindo que espera, no sábado, "estar em condições" de falar sobre o relatório.
A comissão técnica independente criada pelo parlamento - por proposta do PSD - para analisar os incêndios rurais de junho na região Centro, em particular o fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17, entregou hoje o seu relatório final.
O documento, que analisa incêndios em 11 concelhos dos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco ocorridos entre 17 e 24 de junho, refere que, apesar de o fogo de Pedrógão ter tido origem em descargas elétricas na rede de distribuição, um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas.
Além disso, acrescenta, "não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis" no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros. A GNR fica, por outro lado, ilibada de direcionar carros para a Estrada Nacional 236, onde morreram cerca de metade das vítimas.
O documento aponta falta de conhecimento técnico no sistema de defesa florestal e falta de preparação dos atuais sistemas de combate às chamas para as alterações climáticas, confirmando, por outro lado, falhas de comunicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou, na sequência da divulgação do relatório, que o Governo assumirá todas as responsabilidades políticas, se for caso disso.
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