No sábado, à chegada a Goa, Marcelo Rebelo de Sousa disse sentir-se em casa e elogiou o cruzamento de culturas que torna este lugar "tão singular", defendendo que deve ser motivo de orgulho, "sem nostalgia" e "sem complexos".
"Não podemos ter uma visão nostálgica de nada em lugar nenhum. É assim que sinto a minha chegada a Goa, não nostálgica. Porque o passado é o passado, e o tempo não volta para trás. Mas o passado pode tornar-se futuro, se aproveitar o passado e o presente", acrescentou.
Na Velha Goa, Marcelo Rebelo de Sousa irá hoje à Igreja Convento de Santa Mónica e ao Museu de Arte Cristã e deverá também passar pela Basílica do Bom Jesus, onde estão os restos mortais do missionário jesuíta São Francisco Xavier, que chegou no século XVI à costa ocidental indiana e morreu na China.
O chefe de Estado terá, depois, um encontro com a comunidade portuguesa em Goa que, de acordo com a Presidência da República, é composta sobretudo por pessoas que nunca viveram em Portugal e têm dupla nacionalidade, embora essa condição não seja reconhecida pelas autoridades indianas.
Este será o último ponto da sua visita à Índia, onde chegou na quarta-feira, que teve um programa intenso, concentrado em três dias e dividido entre a capital indiana, Mumbai, o centro financeiro do país, e Goa.
Portugal e a Índia têm uma ligação histórica com mais de 500 anos, que remonta à chegada do navegador Vasco da Gama ao subcontinente, em 1498.
As relações diplomáticas estiveram cortadas durante perto de vinte anos durante o período do Estado Novo e foram restabelecidas após o 25 de Abril de 1974, quando Portugal reconheceu a plena soberania da Índia sobre os antigos territórios portugueses de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar Aveli.
Esta é a 17.ª visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa e a segunda a um país asiático, depois da República Popular da China, onde esteve no ano passado.
Antes de Marcelo Rebelo de Sousa, fizeram visitas de Estado à Índia os presidentes da República Mário Soares, em 1992, e Aníbal Cavaco Silva, em 2007.
Acompanham esta deslocação do Presidente da República o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, os secretários de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e deputados de vários partidos.
O primeiro-ministro, António Costa, que tem raízes goesas, fez em janeiro de 2017 uma visita à Índia que teve caráter de Estado, recebeu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Portugal em junho desse mesmo ano e regressou a Nova Deli em dezembro passado, como convidado de honra das cerimónias do 150.º aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi.
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