"De cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, se distancia dos governados, aparenta considerar-se eterno, alimenta clientelas, redes de influência de promoção social, económica e política, de cada vez que isso acontece aos olhos do cidadão comum é a democracia que sofre", disse Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso nas comemorações do 05 de Outubro, que decorreu na Praça do Município, em Lisboa.
Sublinhando que a razão de ser de "desilusões, desconfianças e de descrenças" tem a ver com "o cansaço perante casos a mais de princípio vividos de menos", o Presidente da República rejeitou a ideia de que a desconfiança dos portugueses em relação à política e aos políticos, o seu distanciamento e alheamento seja porque preferem a monarquia.
"A maioria dos portugueses respeita essa linhagem, mas não questiona hoje o regime republicano", afirmou, considerando que essa questão foi ultrapassada há mais de 50 anos, antes ainda da entrada em vigor da atual Constituição.
E "menos ainda" é porque preferem regressar a uma ditadura aberta ou disfarçada, duradoura ou temporária para cumprir as contas públicas, reforçar a autoridade e garantir a segurança", acrescentou, admitindo, contudo, que possa haver quem de "tempos a tempos" sonhe com "o sebastianismo monocrático ou autocrático".
"0 05 de outubro está vivo, mas só se nós todos lhe dermos vida para que mais e mais portugueses possam rever-se na republica democrática, para que mais portugueses possam acreditar em Portugal", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
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