Numa sessão solene, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o colar-insígnia de presidente de honra daquela instituição, fundada em 1978 e que visa promover e desenvolver "estudos, artes e letras e as ciências" relacionadas com os oceanos e das atividades marítimas, na presença do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Silva Ribeiro, do presidente da Academia de Marinha, Vidal Abreu, e numerosas outras individualidades.
"Havendo um consenso natural em torno da estratégia nacional quanto ao mar, só nos falta o mais importante: explicitá-la e fazê-la partilhar permanentemente com os portugueses. Transformá-la em realidade viva e conferir-lhe a urgência das escolhas inadiáveis", afirmou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa declarou ser preciso "levar muito mais longe a concretização dos trunfos geoestratégicos" lusos, "mais próximos ou mais longínquos" e "ainda maior empenhamento nas vertentes ecológica, económica, social e cultural dos oceanos".
"Temo sim que, também desta feita, partamos um pouco tarde de mais, e desaproveitemos ensejos únicos e deixando a outros a primazia onde ela devia ser nossa. A geopolítica, como a económica ou a ecologia, não conhece vazios. Haverá sempre quem preencha a lacuna criada por outrem. É tempo de não perdermos tempo", alertou.
Antes, o Presidente da República tinha efetuado uma extensa resenha histórica sobre a ligação eterna entre o país e o mar, desde a sua fundação, passando pelo regime monárquico, a epopeia dos Descobrimentos e a República, destacando contributos de predecessores nas funções, "em especial" Mário Soares e Cavaco Silva.
Segundo o chefe de Estado, os assuntos relacionados com os oceanos quase sempre incluíram atenção na orgânica político-administrativa, através de secretarias de Estado ou mesmo ministérios, como atualmente, embora observando que "a democracia de Abril tem oscilado neste domínio".
"No nosso conceito estratégico de defesa nacional, indissociável da nossa própria identidade e carecido de adicionais reflexões nestes tempos desafiantes, o mar tem sempre de ocupar posição central na educação, na formação, na pedagogia cívica, na assunção generalizada pelos portugueses e, em especial pelas gerações mais jovens", continuou.
Rebelo de Sousa frisou que o mar confere a Portugal a sua universalização e multilateralismo e precisou a atenção que deve ser dada ao "flanco sul da União Europeia e da Aliança Atlântica, ao Mediterrâneo, ao próximo Oriente, ao norte de África, além da natural complementaridade euro-africana e o transatlantismo.
O Presidente da República destacou ainda que Portugal é um dos 25 estados com maior Zona Económica Exclusiva do mundo, que os seus fundos sob jurisdicionais poderão atingir mais de 3,8 milhões de km2 e as áreas de busca e salvamento são 62 vezes o seu território, além de 60% das trocas comerciais e 75% das importações se fazerem através do mar.
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