Após o cardeal patriarca, Manuel Clemente, ter celebrado uma missa na cantina da Universidade de Lisboa, na presença do Presidente da República, no âmbito do programa da 29.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, o responsável máximo desta comunidade fez um breve discurso de elogio à ação política do atual chefe de Estado.
"Para esta 29.ª festa Natal, os membros da Comunidade Vida e Paz começaram a reunir-se logo em fevereiro, num trabalho de loucos. Isto é um vírus bom que nos contagia e temos muito a agradecer ao Presidente da República: ele tem sido a voz daqueles que não têm tido voz", declarou o responsável, com muitas dezenas de cidadãos sem-abrigo a aplaudirem de forma entusiástica estas palavras.
Marcelo Rebelo de Sousa reagiu pouco depois ao elogio, sustentando junto dos jornalistas que o Presidente da República, no exercício das suas funções, "tem de ser precisamente isso: a Voz dos sem voz".
"Aqueles que têm peso social, económico e político manifestam-se nas ruas ou chegam à comunicação social. Mas há muitos sem voz, como os sem-abrigo, ou os cidadãos afetadas pelos incêndios", observou.
Neste ponto, o chefe de Estado teve o cuidado de ressalvar que tal não significa que Governo, o parlamento ou as autarquias "não deem expressão aos que não têm voz", por se encontrarem longe dos centros de poder.
"Mas o Presidente da República é eleito para isso. Tem de estar permanentemente atento aos cidadãos que não têm voz. Por isso é que apareço tantas vezes em tanto sítio. Quando sinto que há uma situação que corre o risco de ser esquecida, minimizada ou até apagada, eu acho que devo estar lá", justificou ainda, em reforço da sua tese, antes de se referir especificamente ao drama social dos cidadãos sem-abrigo.
Um tema que o Presidente da República considerou "complicado", em termos de resolução.
"Está-se a fazer um levantamento sobre quantos sem-abrigo existem neste momento, porque não há números exatos. Há uma ideia de quantos são em Lisboa e no Porto, mas, mesmo assim, esse número precisa de ser afinado. Vai fazer-se isso, entre janeiro e fevereiro", apontou.
Em relação aos sem-abrigo, o chefe de Estado identificou como um dos principais problemas os custos crescentes da habitação em cidades como Lisboa e Porto.
"Mesmo instituições sociais ou públicas têm dificuldade em encontrar habitações disponíveis", referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou à festa de Natal da Comunidade Vida e Paz dez minutos antes da hora prevista, pelas 11:50, guiando o seu carro pessoal.
À entrada da cantina da Universidade de Lisboa o Presidente da República foi recebido pelo reitor, António da Cruz Serra, que celebra hoje o seu aniversário, tendo sido imediatamente rodeado por dezenas de pessoas que o procuraram abraçar, beijar ou tirar fotografias consigo.
Depois, Marcelo Rebelo de Sousa sentou-se na primeira fila para assistir à celebração de uma missa presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, que abriu com um grupo musical a cantar "Vem, Senhor Jesus", e com a leitura de algumas passagens bíblicas.
Na homilia, o cardeal patriarca deixou a mensagem a uma plateia com muitos cidadãos sem-abrigo, ou em situação de pobreza extrema, para que "ninguém desista de esperar", citando, neste contexto, o profeta São João Baptista.
"São João Baptista sabia quem era o portador da resposta de Deus, dizendo que ele era simplesmente a voz dessa resposta. Ora, cada membro da Comunidade Vida e Paz é a voz da resposta. O sofrimento do outro tem de ser também o sofrimento de todos nós", frisou o cardeal patriarca de Lisboa.
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