A visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao militar durou cerca de dez minutos, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e foi acompanhada pelo chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general José Nunes da Fonseca.
No entanto, o chefe de Estado nada adiantou sobre o processo de averiguações aberto ao 138.º curso de comandos, dizendo nada saber sobre a mesma, nem ter conversado sobre o tema com o militar internado.
“Não, disso não falámos. Falámos de várias outras coisas, mas não especificamente sobre isso”, assegurou aos jornalistas, no final da visita, que aconteceu imediatamente após ter aterrado em Lisboa vindo de Luanda, onde assistiu à posse do Presidente da República João Lourenço.
Questionado se esta situação se pode dever a causas diferentes de outras ocorridas no passado, como chegou a afirmar, o Presidente da República respondeu: “Não há nada como investigar, está a ser investigado, depois logo se verá”.
“Até ao fim do que é a investigação, ninguém tem conclusões, não serei naturalmente eu a apresentá-las, serão as autoridades competentes (..) Eu não tenho elementos nenhuns nem devo ter, porque está em investigação e seria mau que alguém alheio à investigação soubesse algo sobre a investigação”, insistiu, perante novas perguntas dos jornalistas.
Sobre o estado de saúde do militar, Marcelo Rebelo de Sousa saudou que, “na base de um apelo nacional”, tivesse sido possível encontrar um fígado para o transplante.
“Era preciso esperar pelas horas seguintes. A boa notícia é que não há nada como falar com o próprio, ouvir o seu testemunho de que está a correr o melhor possível dentro do quadro que existe”, afirmou.
O Presidente da República relatou que o militar “está bem disposto”, a evoluir “muito bem do ponto de vista físico e mental”.
“Fiquei a saber que fez anos no dia da própria cirurgia e ficámos de celebrar esse aniversário agora mais tarde, quando sair daqui”, disse.
O Presidente da República aproveitou para saudar o Hospital Curry Cabral e elogiar a “dedicação e competência” dos seus profissionais,
“Quero dizer que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), no dia seguinte àquele em que festejou mais um aniversário, faz jus à importância que tem na vida dos portugueses”, elogiou.
No passado sábado, o Estado-Maior do Exército ordenou a interrupção do 138.º curso de comandos até ao apuramento do processo de averiguações àquela formação.
O Exército aguarda as conclusões do processo de averiguações, “que deverão ser apuradas com brevidade”, para avaliar a necessidade de adaptações, após os recentes incidentes com militares hospitalizados.
O ramo indicou um total de seis intervenções em estabelecimento hospitalar no âmbito do 138.º curso: ao militar que está internado, a um segundo militar que sofreu uma interrupção respiratória e teve alta na semana passada, e ainda a quatro militares no Hospital das Forças Armadas, no polo de Lisboa, “decorrente da revista de saúde feita a todos os instruendos, em 08 de setembro”.
O Presidente da República disse no domingo que este caso parece ser "uma situação muito diferente" da ocorrida há seis anos, quando morreram dois jovens num exercício.
"Há um inquérito em curso, mas pode acontecer que a situação seja muito diferente à anterior", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma visita à Feira do Livro de Lisboa.
Dylan da Silva e Hugo Abreu, na ocasião com 20 anos, morreram e outros instruendos sofreram lesões graves e tiveram de ser internados durante a “prova zero” (primeira prova do curso de Comandos), que decorreu em Alcochete, Setúbal, em 04 de setembro de 2016.
Oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos dos Comandos, a maioria instrutores, foram acusados de abuso de autoridade por ofensa à integridade física. Segundo a acusação, os arguidos atuaram com “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram nos ofendidos”.
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