Simbolicamente, a manifestação, convocada por um coletivo de cidadãos chamado #NotInMyName (Não em meu nome), realizou-se junto à célebre estátua de Manneken Pis, representando um menino a urinar, em pleno centro da cidade.
“Até hoje ele era a única criança na Bélgica a estar atrás das grades (um gradeamento protege a estátua), mas agora isso acabou: o Governo decidiu lá meter outras”, declarou uma representante do coletivo, Florence, citada pela agência noticiosa francesa AFP.
A manifestante referia-se à recente entrada em serviço, por um decreto real de 11 de agosto de 2018, de um centro de detenção destinado a acolher famílias estrangeiras em situação irregular e em vias de expulsão depois de esgotados todos os recursos.
Conhecida na Bélgica sob a designação “centro fechado 127bis”, esta estrutura situada próximo do aeroporto de Bruxelas-Zaventem foi criticada pela oposição (PS, Ecolo, centristas) e pelo mundo associativo.
E os detratores duplicaram desde o acolhimento, na terça-feira, da primeira família albergada no centro.
Trata-se de uma família sérvia em situação ilegal com quatro crianças, acusada de ter fugido várias vezes de estruturas abertas onde residia.
O pai foi apresentado como “um criminoso a sério” num ‘tweet’ do secretário de Estado para o Asilo e a Migração, o nacionalista flamengo Theo Francken.
“Nós não prendemos crianças”, gritaram hoje em coro os manifestantes, entre os quais muitas famílias com crianças.
Para as associações de defesa dos direitos humanos, a entrada em serviço deste centro fechado constitui “um recuo de dez anos” na Bélgica.
A partir de 2008, estruturas unifamiliares abertas batizadas como “casas de retorno” permitiram evitar a detenção de crianças menores em situação ilegal.
Mas a experiência rapidamente foi considerada pouco conclusiva e uma lei aprovada em 2011 abriu caminho à possibilidade de as fechar de novo.
A abertura de uma unidade fechada no centro 127bis, decidida pelo atual Governo de centro-direita, foi condenada nas últimas semanas pelo Conselho da Europa e pelo Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
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