Entre os cerca de 130 militantes bloquistas que assinaram este “apelo à convocação de uma Convenção Nacional”, ao qual à agência Lusa teve acesso, estão nomes como o histórico Mário Tomé, os ex-deputados Pedro Soares e Carlos Matias, bem como a antiga presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Ana Cristina Ribeiro.
Este apelo à antecipação da Convenção foi derrotado na reunião da Comissão Política do BE de quarta-feira à noite, tendo recolhido um voto favorável.
O apelo deixado é para que a Comissão Política do BE “promova a realização de uma reunião da Mesa Nacional, a curto prazo, para a convocação da XIII Convenção Nacional, a ter lugar até ao final do primeiro semestre em curso, com o objetivo de proceder ao balanço do recente ciclo político e, num novo quadro atravessado por fortes alterações, definir democraticamente a orientação política do Bloco para os próximos dois anos”.
“O ciclo de perdas eleitorais do Bloco de Esquerda, que culminou com a derrota eleitoral das recentes eleições legislativas, exige tirar lições de forma consequente e, para que o caminho de reforço do Bloco seja retomado, definido um novo rumo estratégico”, justificam na mesma carta.
A maioria absoluta do PS, a guerra na Europa e “as profundas mudanças que estão a ocorrer nacional e internacionalmente exigem novas respostas”, de acordo com os subscritores.
“O envolvimento da pluralidade de todo o partido neste processo tem de passar, para que seja mobilizador e inspirador, por uma Convenção Nacional, órgão máximo da democracia bloquista, o único com capacidade estatutária e democrática para retirar todas as conclusões das derrotas sucessivas e decidir sobre o rumo estratégico do Bloco, com a participação de todos/as no debate e na tomada de decisões nestas matérias”, justificam.
Por outro lado, na resolução aprovada na Comissão Política, considera-se que a antecipação da Convenção “só seria possível prejudicando os prazos regulamentares do debate interno” e teria como “consequência política uma sobreposição da Convenção com os primeiros meses do ciclo político da maioria absoluta, sem que os efeitos do novo orçamento (em discussão até junho) pudessem ser minimamente avaliados pela população”.
“Seria, portanto, um grande favor ao governo do PS”, lê-se no texto aprovado, em que se considera que o objetivo de tal proposta é “paralisar o Bloco num processo de substituição de direção”, acusando “os camaradas da Convergência/moção E” de “trazer ao Bloco uma cultura política” que nunca foi a sua, de “avaliação de orientações e dirigentes pela bitola eleitoral”.
A Comissão Política sublinha que na Conferência Nacional marcada para o fim de abril “todos os aderentes têm direito a participar”, sendo que a única coisa que esse momento não permitirá “é a substituição da direção do partido, afinal o único objetivo de quem propõe a antecipação da Convenção”.
A última convenção do BE, a XII, decorreu em maio de 2021 - depois do seu adiamento devido à pandemia – e, de acordo com os estatutos do partido “a Convenção Nacional realiza-se com uma periodicidade de dois anos, podendo ser convocada extraordinariamente por iniciativa da Mesa Nacional ou de dez por cento das e dos aderentes”.
No rescaldo das eleições, Catarina Martins deixou claro que vai cumprir o seu mandato até ao fim, afirmando, na Mesa Nacional de 05 de fevereiro, que “nunca houve no Bloco de Esquerda convenções extraordinárias ditadas por resultados eleitorais”, o que disse que “não existiu nunca nem existirá”.
Para 30 de abril, daqui a pouco de mais de um mês, está marcada a IV Conferência Nacional do BE para discutir o rumo estratégico do partido sob o lema “Bloco de Esquerda: Justo, Solidário, Insubmisso”.
Esta Conferência Nacional foi convocada pela Mesa Nacional do BE do início de fevereiro, que analisou os resultados eleitorais do partido nas legislativas antecipadas, nas quais falhou os seus objetivos, deixou de ser a terceira força política, perdeu metade dos votos e ficou reduzido a cinco deputados.
(Notícia atualizada às 16h17)
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