“Apesar de uma queda assinalável na poluição atmosférica provocada pelo tráfego rodoviário em 2020 devido aos confinamentos [provocados pela pandemia da covid-19], continuam a ser comuns ultrapassagens dos padrões europeus de qualidade do ar”, sublinha a agência numa avaliação divulgada hoje.
De acordo com as medições, 96 por cento da população urbana foi exposta a concentrações de matéria particulada fina acima do limite de 5 mícrons por metro cúbico definidos pela Organização Mundial de Saúde”.
Em 2020, “a maior parte da população em zonas urbanas da União Europeia foi exposta a níveis de poluentes atmosféricos lesivos para a saúde”, apesar de quedas assinaláveis de dióxido de azoto – até 25 por cento – em grandes cidades de França, Itália e Espanha.
Durante os primeiros e mais severos confinamentos das populações determinados pelos governos europeus, entre março e abril de 2020, as concentrações desse gás atingiram reduções de 70%, mas mesmo assim, “89% da população urbana foi exposta a níveis de dióxido de azoto – um gás que afeta o sistema respiratório – acima dos limites determinados pela Organização Mundial de Saúde” (OMS).
Bulgária, Sérvia, Kosovo, Turquia, Bósnia e Herzegovina e Macedónia do Norte foram os países com níveis médios de concentração de poluentes mais altos em 2020, acima dos 50 mícrons por metro cúbico definidos como limite diário recomendável pela União Europeia.
Dos 36 países que comunicaram dados, 20, dos quais 15 estados-membros da União Europeia, ultrapassaram esse limite diário, 10 (incluindo seis estados-membros) estiveram cima do limite anual de 40 mícrons por metro cúbico e todos indicaram concentrações acima do limite diário de 45 mícrons da OMS.
Com exceção da Islândia, em todos se verificaram concentrações acima do limite anual de 15 mícrons por metro cúbico também definido pela OMS.
Nas estações de monitorização em Portugal, as concentrações medidas estiveram entre 20 e 40 mícrons por metro cúbico, com Paio Pires (33) e Ílhavo (35) a registarem as médias mais elevadas.
Os países da Europa central e de leste, bem como Itália, comunicaram as concentrações mais altas de matéria particulada e do gás cancerígeno benzo(a)pireno, que se devem principalmente “à queima de combustíveis sólidos para aquecimento doméstico e uso industrial”.
“Na maior parte dos países do centro e leste europeu, combustíveis sólidos como carvão são amplamente usados para aquecer casas e em algumas indústrias e centrais elétricas. No Vale do Pó, uma zona do norte de Itália densamente povoada e industrializada, há condições meteorológicas e geográficas específicas que favorecem a acumulação de poluentes na atmosfera”, explica o organismo europeu.
A agência salienta que “a poluição atmosférica ainda é uma importante preocupação sanitária para os europeus” e que “a exposição a partículas finas causa doenças cardiovasculares, cancro do pulmão e outras doenças que levam à morte prematura”.
O tráfego rodoviário é um dos principais fatores de concentrações elevadas de dióxido de azoto.
Os dados foram recolhidos em cerca de 4.500 estações de monitorização instaladas em 37 países.
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