Mede quase quatros metros aberta e é assim que está exposta na parede de um empreendimento turístico, em pleno Parque Natural de Montesinho, junto com o certificado do Guinness World Records.
Passaram quase 20 anos e são mais os estrangeiros que sabem do feito do que as gentes da região onde as típicas navalhas de bolso fazem parte do quotidiano e elevaram a “aldeia industrial” a localidade de Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, conhecida pela arte da cutelaria.
Foi inspirado numa peça original, a chamada “peliqueira”, que servia para tirar a lã às ovelhas, que Telmo Cadavez desenhou a maior faca de bolso do mundo, executada pelos irmãos Virgílio, Raúl e Manuel Pires de Palaçoulo.
“Fizeram em madeira de Freixo, o aço foi temperado na forja, a lâmina abre e fecha, está afiada e foi cunhada com a marca dos irmãos Pires e está aqui em exibição há quase 20 anos”, como disse à Lusa Telmo Cadavez.
O empresário do empreendimento turístico Cepo Verde contou que, na altura, pegou em fotografias, nos artigos que foram feitos e enviou para o Guinness, que passado um mês certificou a peça como “a maior faca de bolso do mundo, com 3,9 metros quando aberta e 122 quilogramas de peso”.
O certificado data de janeiro de 2003 e, até hoje, os autores da peça ainda não foram notificados de que o recorde tenha sido batido.
Para Telmo Cadavez, esta “é uma homenagem à arte de Palaçoulo, é uma curiosidade, é uma homenagem ao artesanato local, pequenas coisas que fazem potenciar uma arte tradicional e centenária”.
“É um objeto utilitário no bolso, mas é uma forma também de os incentivar (aos turistas) a visitar Miranda e também Palaçoulo, conto-lhes sempre que é uma aldeia pequenina, que não tem desemprego, que tem uma tipografia, que tem dois bancos, várias unidades industriais de cutelaria, uma tanoaria”, salientou.
Para Telmo Cadavez, Palaçoulo “é o exemplo de como é que devia ser o interior todo do país”.
O empresário tem também disponíveis as navalhas originais e “todos os anos vende centenas” construídas pelos irmãos Pires ou a conhecida fábrica Martins de Palaçoulo, mas também de um artesão da Aveleda (Bragança).
A possibilidade de visitar uma forja é uma das atividades proporcionadas pelo empreendimento Cepo Verde, no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, que tem parque de campismo e caravanismo e alojamento em casas de montanha iguais às tradicionais casas de pedra transmontanas, com capacidade total de 180 lugares.
Aberto há quase 30 anos, o espaço emprega 12 pessoas e tem também restaurante e piscina e animação com atividades ligadas à natureza em parceria com outros operadores turísticos locais.
Depois da paragem forçada pela pandemia de covid-19, este ano a procura está a superar já o ano de 2019, segundo o empresário do espaço que recebe essencialmente turistas estrangeiros de países como Holanda, Bélgica, Alemanha, Inglaterra e Suíça.
Dar a conhecer este tipo de atividades é o propósito do programa “MaisBragança” da Associação Comercial e Industrial de Bragança (ACISB), que pretende “dinamizar e mostrar aquilo que a cidade tem de bom, de atrativo, em todos os aspetos, desde o cultural à Natureza, ao gastronómico”, segundo uma das responsáveis, Anabela Anjos.
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