“Este embuste político põe a descoberto […] um partido dividido, designadamente, por influência de fatores e interesses externos, comandados a partir de Lisboa, que tentam impor as soluções que lhes são mais convenientes”, declarou o governante madeirense numa intervenção no parlamento insular, durante o debate da moção.

Esta é a segunda moção apresentada neste mandato ao executivo da Madeira, numa discussão marcada pelo regresso do líder do PS/Madeira ao parlamento insular, deixando o seu lugar na Assembleia da República

Para Miguel Albuquerque, “o que esta moção de censura põe hoje a nu é a radical debilidade de uma liderança que nunca chegou a afirmar-se”.

O governante opinou que Carlos Pereira “está entre dois fogos: o poder de Lisboa, que o quer afastar”, e o de “alguns camaradas do Funchal, que na sombra aguardam a partilha dos despojos”.

Por isso, considerou, o dirigente socialista “pode barafustar, inventar, exagerar, ficcionar, hiperbolizar em torno do seu entender, mas toda a gente já percebeu que o alvo desta moção não é o governo, mas os seus próprios camaradas e, sobretudo, os seus adversários internos”.

“A política regional não pode ficar refém dos jogos internos do PS/Madeira”, sublinhou, acrescentando que Carlos Pereira “não precisa que o Governo [Regional] caia, mas de afirmar a sua liderança, porque deixou o partido à deriva e tem uma série de amigos a morder-lhe o calcanhar”.

Para o presidente do executivo insular, “o contexto real é a fraqueza” do líder socialista insular e a moção de censura, “se não fossem as circunstâncias de fragilidade política do deputado Carlos Pereira e as guerras de alecrim e manjerona do PS/Madeira, seria apenas um não assunto”.

“Esta moção de censura é uma espécie de pedaço de madeira a boiar nas ondas onde o náufrago tenta desesperadamente se agarrar”, declarou no plenário.

Miguel Albuquerque assegurou que o Governo Regional “vai continuar a cumprir o seu programa num quadro de recuperação económico e social” e referiu que na Madeira se vive “um clima de confiança e de dinâmica económica”.

“É justamente neste clima de retoma que a atual liderança socialista encontra pretexto e um momento surreal para apresentação desta moção”, vincou.

Albuquerque enunciou várias medidas concretizadas, entre as quais a privatização do Jornal da Madeira, a introdução do subsídio de mobilidade para o Porto Santo, a criação do “sistema mais favorável de sempre para as viagens aéreas”, o registo dos melhores anos em termos turísticos, a consolidação das finanças públicas e redução da dívida da região em mais de 1.200 milhões de euros, bem como a diminuição do Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS) e a reposição do subsídio de insularidade.

“Censura porquê?”, questionou o chefe do executivo madeirense, lembrando que continua a “reivindicar das esquerdas os compromissos assumidos quanto ao novo hospital, à redução da taxa de juro do empréstimo regional, ao pagamento da dívida dos subsistemas” de saúde.

Miguel Albuquerque declarou que “este governo mantém a sua legitimidade democrática intacta num quadro de maioria parlamentar”, salientando que “num horizonte temporal de quatro anos, e a meio do mandato, continua a cumprir o seu programa”.

O presidente do executivo do arquipélago apontou que o “desnorte” e a “instabilidade” estão do lado dos socialistas da região.

“Nos próximos meses, resta assistir às jogadas políticas, aos golpes de rins e à luta desesperada pelo poder, num PS/Madeira em exuberante ebulição”, disse.