Macron e Bin Salman mantiveram um almoço de trabalho no Palácio do Eliseu (presidência francesa) tendo como principais temas de discussão a Ucrânia, o financiamento do desenvolvimento e a estabilidade no Médio Oriente, a par da intensificação das relações bilaterais.
O chefe de Estado francês sublinhou ao líder saudita a sua “profunda preocupação” com o “impacto desastroso” da invasão russa da Ucrânia na segurança alimentar de países de todo o mundo, insistindo na necessidade de acabar com o conflito e atenuar as suas consequências.
Nos últimos anos, e sob o comando de Bin Salman, a Arábia Saudita implementou uma política externa afastada de Washington, com um diálogo fluido com a China e a Rússia.
Os dois governantes também concordaram que é necessário continuar os esforços conjuntos em prol de “um apaziguamento das tensões” no Médio Oriente e da promoção da estabilidade e segurança na região.
Ainda de acordo com a presidência francesa, Macron e Bin Salman apelaram ao “fim rápido do vazio político” no Líbano, onde Macron acaba de nomear o ex-chanceler Jean-Yves Le Drian como o seu enviado pessoal.
O príncipe saudita, conhecido pela sigla MBS, também participará da Cimeira para um Pacto Financeiro Global, que Macron convocou para os dias 22 e 23 de junho com o objetivo de acordar a uma reforma profunda do financiamento internacional do desenvolvimento e para desenhar um modelo mais justo que também possa enfrentar melhor os desafios das alterações climáticas.
O dirigente francês sublinhou a MBS “a disponibilidade da França para acompanhar a Arábia Saudita no reforço das suas capacidades de defesa”, numa tentativa de promover as exportações francesas de armas para aquele país.
E destacou ainda a vontade das empresas francesas em participar em projetos sauditas, “especialmente em termos de transição energética, transporte, saúde e novas tecnologias”.
A organização humanitária Amnistia Internacional (AI) tinha pedido a Macron que intercedesse junto do saudita para impedir a execução no seu país de sete jovens menores de idade quando cometeram os seus crimes, mas a presidência francesa não indicou se esta questão, ou outras de direitos humanos, foi levantada.
Na última visita de MBS ao Eliseu, Macron foi muito criticado por organizações de direitos humanos e pela oposição de esquerda, devido principalmente ao apoio de Riade à guerra civil no Iémen e ao assassinato, em 2018, do crítico jornalista saudita Jamal Khashoggi, que a CIA dos EUA atribuiu a uma ordem do próprio MBS.
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