Numa mensagem gravada para assinalar o 201.º aniversário da independência do país, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “a independência do Brasil ainda não está terminada”.

“Ela precisa de ser construída a cada dia, por todos nós, sobre três grandes alicerces: democracia, soberania e união”, frisou o chefe de Estado brasileiro, na quarta-feira.

O aniversário da independência “não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união”, prosseguiu Lula da Silva, que ao longo do discurso foi detalhando o que chamou de conquistas que o seu Governo fez desde que tomou posse a 01 de janeiro, sucedendo a Jair Bolsonaro.

Lula da Silva disse ainda que os brasileiros podem ter “sotaques diferentes, torcer por ‘times’ [clubes de futebol] diferentes, seguir religiões diferentes, ter preferência por este ou por aquele candidato”, mas que pertencem todos à mesma nação.

No ano passado, o 7 de setembro foi utilizado pelo então Presidente brasileiro Jair Bolsonaro como um comício e como uma demonstração de força dos seus apoiantes, que saíram às ruas em demonstração de apoio ao ex-capitão da reserva, numa cerimónia que contou com a presença dos chefes de Estado de Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau.

Já há dois anos, para comemorar essa data, Bolsonaro disse que não respeitaria decisões judiciais determinadas pelo juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes, num protesto diante de milhares de apoiantes. Nesse dia, os seus apoiantes saíram às ruas em defesa da dissolução do Supremo Tribunal Federal e do Parlamento através de uma “intervenção militar” com Bolsonaro no poder.

Um dia depois, grupos de camionistas que apoiavam Bolsonaro bloquearam estradas em vários estados do país e exigiram a destituição dos juízes do Supremo.

Brasília está hoje em alerta máximo e com uma esquema de segurança recorde para as celebrações do 201.º aniversário da independência do Brasil, indicaram as autoridades.

Ao todo serão dois mil militares da Polícia Militar do Distrito Federal de unidades especializadas, como a Cavalaria e o Batalhão de Operações Policiais Especiais, e cerca de 500 polícias do Distrito Federal (DF), a que se acrescenta, a pedido das autoridades locais, a Força Nacional de Segurança para reforçar a segurança durante o desfile de 7 de setembro.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF, o policiamento será maior do que no ano passado e maior do que na tomada de posse presidencial de Lula da Silva a 1 de janeiro, de forma a “manter a ordem pública, a segurança dos participantes, dos edifícios públicos e das autoridades presentes no evento”.

A Esplanada dos Ministérios, avenida que alberga todos os ministérios e que culmina na praça dos três poderes (Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal), foi encerrada ao trânsito às 21:00 de quarta-feira (01:00 de hoje em Lisboa) e o acesso das cerca de 30 mil pessoas esperadas para as celebrações terá pontos de revista policial espalhados pela avenida.

As autoridades do DF estão empenhadas em evitar que se repitam os acontecimentos de 8 de janeiro, quando milhares de radicais ligados à extrema-direita brasileira, muitos deles acampados há meses em frente ao quartel-general de Brasília, atacaram as sedes dos três poderes em Brasília, no oitavo dia da presidência de Lula da Silva, com o objetivo de o retirar do poder.