Em declarações à Lusa, Pedro Mendonça, da direção do Livre, reconheceu que existem pontos ideológicos "em comum" entre o partido e a ex-eurodeputada e que está a assistir "com interesse" a uma possível candidatura de Ana Gomes, sem se comprometer, para já, com qualquer tipo de apoio a um candidato presidencial.
No domingo passado, a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou que vai refletir sobre as presidenciais, embora não ambicionasse ser candidata, por considerar que "mudou muita coisa" com o primeiro-ministro a antecipar um segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.
Ana Gomes falava na SIC Notícias a propósito das declarações do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, na Volkswagen Autoeuropa, manifestando a expectativa de regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República, já num segundo mandato, dando como certa a sua recandidatura e reeleição.
"As causas do Livre e de Ana Gomes tocam-se em muitos pontos, como na área dos direitos humanos, na área do europeísmo, na área da preocupação ecológica, a área da preocupação com a corrupção", considerou Pedro Mendonça, membro da direção do Livre.
O dirigente realçou ainda que se trataria de uma "candidatura de esquerda" que, a acontecer, será "abrangente".
"[Uma possível candidatura de Ana Gomes] pode pressionar para o debate o europeísmo e a Europa tem que ser discutida em Portugal", sublinhou Pedro Mendonça.
O dirigente frisou que o partido terá que passar primeiro pelos seus "processos internos democráticos" e que nada está decidido, lembrando que nem sequer a candidatura da socialista está confirmada.
Os estatutos do Livre não definem a forma de escolha de uma candidatura a apoiar, no entanto, Pedro Mendonça garantiu que esta passará obrigatoriamente pela Direção (Grupo de Contacto) e Assembleia, que poderão sempre consultar os membros do partido.
O Livre e Ana Gomes têm uma ligação política conhecida publicamente, tendo a ex-eurodeputada marcado em eventos dinamizados pelo partido.
No passado dia 9 de maio, Ana Gomes participou numa conversa `online´, dinamizada pelo partido, com o fundador e historiador Rui Tavares, a propósito do Dia da Europa - iniciativa na qual já tinha participado em 2019, na altura com Joacine Katar Moreira, ainda candidata à Assembleia da República pelo partido.
Nas últimas eleições presidenciais, o Livre apoiou publicamente o candidato António Sampaio da Nóvoa, tendo sido a escolha feita pelos membros e apoiantes do Livre e pelos subscritores da candidatura cidadã `Tempo de Avançar´, através de uma consulta interna onde o candidato recolheu 87,1% dos votos.
O Livre define-se como um partido de esquerda, ecologista e europeísta.
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